quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

De Larissa para seus netos

Caminhando pelo centro de Buenos Aires, eu e Lari. De repente ela joga um chiclete no chao.
- Para os meus netos. Espero que eles visitem Buenos Aires.
(Cara de paisagem)
.
Tem coisas... que só a Larissa faz por você.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Comunicação perfecta

Na avenida Callao, com Lari, Lívia e Pablito.
- Meninas! Esquecemos de fazer o brigadeiro para o Pablito!
- ¿Brigadero?
- Si, Pablito. El brigadeiro, ¿te acuerdas?
- ¿Pero por que?
- Porque si... Aquel dulce que lo dije... es brasileño...
- Ah, si... pensé que querias brigar conmigo.
.
Percebe-se que estamos tendo uma comunicación perfecta, ¿no?

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Un regallo para ti

Hoje fomos eu, Lari e Lívia conhecer o Palermo, um bairro portenho. Antes é preciso contar que Buenos Aires morre no Natal. Nada abre, até comida foi difícil de encontrar. Pero, mis amigos, encontramos um taxista gente boa que nos disse que o Palermo teria lojas e barzinhos abertos. E fomos para lá.
É, até tinham lojas - poucas! - abertas. E, nas poucas que entramos, vi muito que tinha certeza que você ia gostar. Queria levar toda a Buenos Aires de presente, mas sei que você nao poderia receber nenhum. Entao meu presente é subjetivo. Muito mais subjetivo.
É contar, aqui, o quanto tenho sentido sua falta. O quanto queria, mesmo, ter você para mim. O quanto seu sorriso, seu jeitinho doce, suas maos e sua boca sempre me vem a mente. E o quanto espero que saiam da minha cabeca e te tragam aqui, comigo.
Espero que seja muito feliz. Sempre. Com ou sem mim.
Feliz cumpleaños.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Em menos de uma hora...

... embarco para a cidade mais europeia da América Latina. E, sim, aquele frio na barriga só fez aumentar. Àqueles com quem não vou poder falar, feliz natal. Feliz ano novo, feliz tudo. Sempre.
Àqueles com quem eu queria muito falar mas por motivos óbvios não vou poder, feliz aniversário, também. Que seja muito feliz, sempre.
Vou atualizando, sempre que der.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Contagem regressiva

Dez dias para a virada do ano, quatro para o Natal - o mesmo número para meus 24 anos -, dois para embarcar para a Argentina e menos de seis horas para ir para Foz. Gelo na barriga, borboleta no estômago, arrepio na espinha.
Duas semanas num país desconhecido, na cidade mais europeia da América Latina. Oportunidade única, incrível. Vontade infindável de que chegue logo e de que possa ser muito mais fantástico que imagino.
É a primeira vez, na minha vida, que passo meu aniversário longe da minha família, seja qual for os lados. Mesmo assim, não estou triste. E sei que, lá, tudo vai dar certo. Tudo vai ser lindo, cor de rosa. E que o Pablito nos aguente!
Estamos chegando!!!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Ciumeira

Ciúme: s. m. 1. Receio ou despeito de certos afetos alheios não serem exclusivamente para nós.

Desde que me entendo por gente fujo dessa paranoia. "Ciúmes, eu, imagina!" Até que, com a sabedoria que chega com a idade (falou a profeta!), comecei a admitir. "Não, eu só tenho ciúmes da minha mãe e da minha irmã". Mais tarde, mais confissões: "Tá certo, também morro de ciúmes do meu pai e dos meus irmãos. Mas só deles, da minha mãe e minha irmã. Ninguém mais."
Aí, certo dia, me deparo sentindo uma pontinha de alguma coisa não identificada dentro de mim quando uma amiga me diz, quando a convido para algo, que não pode porque já havia marcado um compromisso com outra amiga. Tiro certo: ciúmes!
E, sim, hoje eu sei que sinto, também, ciúmes dos meus namorados, ficantes e, inclusive, paqueras. E também admito, com pesar, que o ciúmes é, muitas vezes, infinitamente maior que eu. Mas eu me controlo, sempre que possível. Mantenho a pose e sigo em frente.
Entretanto, entenda. Você é minha parceira de tudo. São 6 anos juntas e a maior parte do que consegui, depois da faculdade, devo a você. É claro que não é a única das minhas amigas de quem tenho ciúmes, mas, mais claro ainda é que, aqui, é a pessoa que eu sei que posso contar. Minha família, meu porto seguro. Meu amparo.
E, de todas as minhas amigas, é a única que já visitou a minha família nômade. É a única que tem coragem - ou seja lá que nome tenha isso - de enfrentar desventuras comigo - como a que vamos iniciar na próxima semana.
Quando sei que não vai ser só a gente, como da última vez, que vou ter que dividir você, a minha amiga, com alguém que eu nem conheço direito e que, mesmo assim, tenho as minhas diferenças (enormes, por sinal!) e, ainda por cima, se sente tão amiga do nosso amigo quanto nós mesmas... sinto muito, mas é inevitável. E, bingo!, ciúmes, de novo.
Prometo, querida, que vou tentar me controlar. Prometo que vou fazer o possível. Mas entenda: eu não sou de ferro e a ideia de você 'vazar' caso eu tenha um ataque de bobeira me dá desespero. Não faz isso não, trem!

Obs. Faltam 6 dias!!!
Obs2. É muito, mas muuuuuuuuito mesmo, difícil admitir isso!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Ossos do ofício

Segunda-feira, depois do fechamento, eu e Larissa, minha amiga de muitas jornadas, acompanhamos uma ação do Centro de Referência em Assistência Social (Creas) em uma campanha que estão iniciando, contra a exploração sexual e a situação de rua.
Vamos a um posto desses que lotam de garotas - e garotos - de programa, na expectativa de entrevistar alguém que já está há tempos no ramo. Conversamos com duas mulheres, uma de 46 e outra de 50. Ao final da conversa, paramos ao lado de Tião, agente do Creas. Conversávamos quando, de repente, um carro para na esquina. Olhamos, assustadas. Dentro do carro, um homem chama por nós. Nos entreolhamos e pedimos que Tião vá falar com ele. De acordo com ele, o diálogo foi mais ou menos assim:
- Você conhece as duas?
- Não, elas não são como as outras mulheres daqui?
- Não, rapaz. Elas só estão trabalhando!
...
Bom que o Tião ajuda!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dona Flor pós moderna

Não sou casada, sequer tenho namorado. Mas tenho uma capacidade enorme de me apaixonar, diariamente. É assim desde que me entendo por gente. Talvez pela necessidade extrema de atenção que tenho, talvez pela carência incessante que me persegue.
Eu viveria, talvez não tão tranquilamente, mas feliz, se pudesse ter a sorte de Dona Flor. Mas queria um número maior, dois não me parece suficiente. Mesmo porque, como já disse, me apaixono várias vezes todos os dias. Às vezes, o dia todo. E, não raro, me desapaixono, também.
Acho as pessoas tão incríveis, tão fascinantes. Cada qual é apaixonante, ao seu modo. Principalmente quando não se sabe direito, não se conhece a fundo. Porque as pessoas podem ser horríveis, também. Frustrantes. Entediantes. E assim, me desencanto.
Gosto quando, por vezes, as paixões duram. E me faz falta tornarem-se amor. Porque, quando estão a caminho, no rumo certo... se tornam horríveis, frustrantes, entediantes, para a minha (in)felicidade. Aí resolvo me apaixonar de novo. E de novo. E de novo.
E assim sigo. Feliz. Ou não. Mas sigo.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Imparcial


A gente aprende, na faculdade, a sempre buscar a isenção quando vamos atrás da notícia. Alguns sonhadores ainda acreditam na imparcialidade.
Hoje fui cobrir a confraternização de Natal das crianças que sofreram algum tipo de violência. Tinha até uma menininha de, no máximo, 2 anos.
Como ser imparcial numa hora dessas?

sábado, 28 de novembro de 2009

Eu queria...

Poder te abraçar.
Te beijar, de bobeira.
Exibir você.
Desfilar de mãos dadas.
Ter você. Pra mim.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Conversa de bar

Duas amigas, um bar. Saudades de muitos anos. Fofocas infindáveis.
- Menina! Deixa eu contar! ‘Tô’ pegando um cara lindo. Daí esses dias ele foi me levar em casa na hora do almoço, as coisas foram esquentando, mão naquilo, aquilo na mão... Foi! No carro mesmo! Só que eu tava ‘naqueles’ dias. Geeeeeeeente! A camisa dele manchou, a cueca dele foi praticamente lavada! Você não tem ideia. Fiquei morreeeeendo de vergonha, não sabia o que fazer!
- Sério?! E aí?
- E aí que ele tinha que ir trabalhar, né. A gente deu um jeito na camisa, que manchou um pouquinho e deu pra enganar. Mas a cueca não tinha jeito. Teve que deixar lá em casa. Coloquei na máquina, no varal, mas não deu pra ele usar à tarde. No finalzinho do dia, recebo uma ligação. “Oi, posso passar aí? ‘Tá’ tudo assado, preciso urgente da minha cueca”. Nem preciso dizer que tive colapsos de risos, né?!
- Ah, querida! Isso que você não sabe o que aconteceu comigo!
- Não pode ter sido pior!
- Foi sim! Deixa eu contar. Também já tive dessas, de resolver não ligar que estou 'naqueles' dias e deixar rolar mesmo assim. Traumatizante! Imagine, ele mora com a mãe, que é suuuuuuper tradicionalista e acha que o filhinho dela não faz essas coisas. E ele me chega em casa com a cueca manchada!
- E aí?!
- Aí que, no desespero, pra ela não ver nada, ele lavou a cueca no box.
- Tá, mas no que é pior que a minha história?!
- O pior é que, como ela não podia ver, ele colocou a cueca dentro de um tênis! Não duvido nada que esteja lá até hoje!!!
...
Frequentar alguns lugares sozinho tem suas vantagens. A gente ouve de tudo!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Premonição

Terça-feira, 10 de novembro
Depois de assistir sobre o apagão que assustou o Brasil nessa semana, no Jornal da Globo, resolvo ir dormir. Entro no meu quarto e, sem querer, acordo minha colega, que já dormia há tempos.
- Cíntia, deu algum problema na distribuição de energia da Itaipu, o Brasil quase inteiro está sem luz!
- Sério?!
Virou para o lado e dormiu.


Quarta-feira, 11 de novembro
A Cíntia chega do estágio mais cedo, a tempo de assistir aos noticiários do meio dia. O apagão é o pop do momento e, depois de ligar a TV, ela vai para o quarto pegar alguma coisa. Eis que ouve, na TV, algo sobre o apagão que desligou parte do Brasil. Corre para a sala.
Atônita, olha incrédula para a TV.
Quando acordou, pela manhã, Cíntia não se lembrava que eu a havia acordado, na noite anterior, e contado sobre o caos que tinha acontecido. Ao ouvir sobre o apagão, alguma coisa na memória dela disse: 'opa!, já ouvi algo a respeito'. Mas ela não se lembrava.
Assim, Cíntia assistiu, todo o jornal com uma certeza nítida:
-Gente, eu tive uma premonição!
Mais tarde, quando chego do trabalho, ela vem me perguntar se eu tinha dito alguma coisa sobre o assunto na noite anterior. Quando respondo que sim, ela faz uma expressão inconformada, triste mesmo.
-E eu achando que tinha poderes divinos...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Caixinha de surpresas

- Você é mesmo uma caixinha de surpresas.
- E isso é bom ou ruim?
- Por enquanto tem sido só supresas boas.

Ledo engano. No mesmo dia, instantes depois deste diálogo, a constatação do quanto alguém pode ser, no mínimo, idiota. Do quanto uma pessoa, pelo simples e puro fato de querer mais do que pode, consegue quebrar a magia do momento. Consegue transformar o mais lindo dos sorrisos em 'gelo no estômago'.
Mas não é assim que era para ser. Era para causar um pouco de ciúmes, sei lá. Era para se sentir tão importante quanto o outro é. Era para poder dizer que tem pelo menos um pouquinho daquilo que sabe que não lhe pertence. Mas que queria, como queria.
Nem toda surpresa é boa. Ainda mais se depende de humanos, falhos quase sempre. Entretanto, é preciso aprender a transformar a angústia em aprendizado. E saber fazer permanecer o sorriso. Aquele que se gosta tanto, que conforta, que alivia.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Anos modernos

Antes, a ânsia era pela chegada das longas, românticas e super demoradas cartas. Estas foram substituídas pelas ligações, mais presentes, mais atuais, mais reais e muito mais caras. Agora, nesse instante, fico olhando para a barra de ferramentas no monitor, torcendo para uma janelinha laranja abrir com um simples oi. Evoluímos?!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Uma moeda, dois lados

Pessoa 1: O que você sente por mim?
Pessoa 2: Ah, eu gosto de você. Não como eu gostei um dia, mas gosto. Gosto da amizade, gosto da pessoa que é. Gosto da companhia, do carinho, das conversas. Gosto.
P1: Então, quando eu estou com você até quero que gente fique junto. Mas tenho medo de reavivar o que você sentia. Tenho medo que a amizade se perca, agora que a recuperamos. E dela eu não quero me afastar mais.
P2: Bom, eu tenho certeza que o que eu sentia não vou sentir nunca mais.
P1: Mesmo assim. Você é importante demais na minha vida e eu não quero estragar tudo. Sinceramente, eu prefiro não correr o risco.
...
Pessoa 3: Você não sabe o quanto é difícil amar alguém e não poder ter essa pessoa. Eu amo você, você sabe disso, mas eu não quero mais. É complicado falar com você e ter que ficar medindo as palavras, segurando o que eu quero falar...
P2: Você prefere que a gente não converse mais? Se você quiser, eu não te ligo mais, e entendo se você não me ligar.
P3: Não é isso. Eu gosto de falar com você, eu adoro quando a gente conversa. Mas é difícil, poxa.
P2: Eu sei. Mas é que tem coisas que só o tempo mesmo. Se você quiser... Mas eu quero que saiba que nunca menti para você. Que realmente gosto muito de ti, e que você é uma das pessoas mais especiais da minha vida.
P3: Eu sei que é verdade, mas só a verdade não é suficiente, né? Por isso preciso te esquecer, te amo muito, mas não quero te amar. No coração a gente não manda, mas dessa vez preciso mandar.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Lar, doce lar

Final de semana prolongado, feriadão. Tudo que um bom brasileiro gosta.
Depois que termino tudo o que precisava no trabalho, pego um 'maringazão' rumo a Foz. Casa do pai. Infelizmente, meus irmãos não puderam vir todos. Mas percebo, hoje, depois que o mais novo foi embora, que só me sinto completamente em casa quando pelo menos um deles está aqui.
Meus irmãos são meu tudo. E os amo, muito. E como é bom poder ter irmãos. E tantos irmãos. Porque minha vida não é completa sem eles. E ponto final.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

"Acertei errando!"

Quinta-feira, dia de fechamento. Lê-se: corrido pra caramba.
Chego mais cedo que o resto do pessoal, como é comum nesses dias. Quando meu chefe chega, ele comenta alguma coisa sobre a data: 24 de setembro.
- Hoje é dia 24, Sérgio?! - pergunto, assustada.
- É sim...
- De setembro?!
- Isso...
- Nossa! Hoje é aniversário do meu tio, tenho que ligar para ele.
- Putz! Ontem foi aniversário da minha irmã e eu esqueci de ligar! Deixa eu ligar para ela.
E pega o telefone. A partir de então, sou apenas espectadora, ouvinte.
- Oi! Tudo bom?! Foi teu aniversário ontem, né, e eu esqu... aaaah... é hoje?! Acertei errando, então! Parabéns, feliz aniversário.
...
Nem precisa dizer que rolei de rir, né?!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sobre egoísmo e gratidão

Era perto das 20h30 ontem, quando fui dormir. Deitei com o coração apertado de tanta saudade. Dormi chorando.
Acordo, às 21h30, mais ou menos, com a minha colega de casa chegando.
"Paula, você está aí? Vou fechar a porta, tá?!..."
"Jane?! Oi... tudo bem?"
"Ai, Paula, não..." - e chorou. Como chorou. - "Eu tô com uma saudade da minha mãe!"
Sentou na cama, a abracei. O que fazer numa hora dessas, além de me sentir a pessoa mais egoísta do mundo?!
A mãe da Jane se foi quando ela tinha 13 anos, por causa de um câncer. E ela, sempre tão forte, tomou as rédeas da casa. Ajudou o pai a criar os irmãos mais novos, que a têm como uma mãe. Mas ela também é filha, também é gente, também tem medo. E saudade.
Se para as minhas maiores saudades há pouco que se possa falar, o que dizer à dela? Sim, perdi meu avô e isso ainda é muito recente para mim. Mas não consigo sequer suportar a ideia da ausência do meu pai ou minha mãe. A simples suposição disso me engasga, me deixa sem o que falar - ou pensar.
"Ai, Paula, eu não tô duvidando da justiça do Cara Lá de Cima, mas ele bem que podia ter deixado minha mãe um pouco mais com a gente. Um pouco mais. Até a Joana Paula crescer, pelo menos. Até eu me formar..."
...
Depois de acalmá-la, antes de dormir, fiquei pensando nisso. E no quanto preciso agradecer em poder dizer "te amo, tô com saudades" e poder ouvir um "eu também".

domingo, 20 de setembro de 2009

Sobre solidão coletiva e solidão, mesmo

Domingo à tarde me obrigo a ir ao trabalho adiantar serviço, para o domingo não passar tão à toa quanto o sábado e a sexta à noite. E, nisso, me pego pensando no quanto, mesmo com amigas muito especiais aqui, estou sozinha.
E no quanto ficar sozinha não me preocupava, da primeira vez que fui morar sozinha em minha vida. Eu tinha 18 anos e aquela solidão toda tinha um gosto gostoso de liberdade. Mesmo que a liberdade não fosse financeira - ali a gente não tinha muito bem essa noção do quanto liberdade está, sim, ligada ao poder fazer o que você quer com o seu próprio dinheiro, conquistado por você mesmo.
Era o começo de uma nova fase, quiçá uma nova vida. Ali, naquele ambiente universitário, solidão era uma coisa tão comum que todo mundo se unia pra ficar sozinho juntinhos. Lá, não existia sexta à noite quieta, sábado, nem que chuvoso, solitário, e domingos trabalhando - porque a solidão de todos, ali, fazia com que nos juntássemos todos os dias, nem que fosse pra assistir TV, comer miojo e jogar truco (ou tranca, ou imagem e ação, ou sueca, ou qualquer coisa...). Era uma solidão coletiva, gostosa, companheira. Era uma solidão - por que não?! - feliz.
Agora, da segunda vez que vivo só, essa solidão não é assim. Tenho, sim, amigas, e boas amigas aqui. Mas, quando se é 'gente grande', cada um tem sua vida, seus problemas, suas coisas para cuidar. E eu não posso exigir delas que venham acompanhar minha solidão - seria egoísmo demais de minha parte. Sei que, vendo assim, essa liberdade de agora é muito menos gostosa que a de outrora, mesmo que maquiada. E muito mais vazia. Só que a gente cresce e isso faz parte da vida. E é assim mesmo. Um dia a menina vira mulher, e ela tem que aprender a lidar com isso. E pronto.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A Supremacia Dinda

Uma conversa ao telefone.
- Ai, Paula, precisa ver. Quando perguntam onde passamos o final de semana, o Marco não diz que foi na casa do pai nem da avó. Diz assim: 'na dindinha'.
...
(Diz que não é cria minha, diz...)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Bons amigos

Não sei por que a gente se ilude achando que as pessoas não são capazes de coisas que nós não somos. Ou que não somos pois não passamos pelas mesmas circunstâncias. Porque o ser humano é mutável, cheio de dúvidas e de certezas que variam, com o passar do tempo.
Eu acreditava, quando era mais nova, que ia casar virgem. Hoje nem sei mais se vou casar. Se quero casar.
As pessoas são assim. Cada um enxerga o melhor ângulo que pode ver. O prisma que lhe é mais bonito, mais conveniente. E, se amigos são a família que a gente escolhe, tem que aprender a lidar com isso. Porque se, muitas vezes, os laços de sangue não falam mais alto, imagine esses, construídos em cima de tempo, apenas.

"Não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso."
(Willian Shakespeare)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Um elefante incomoda muita gente...

Adoro trabalhar aqui no jornal. O clima é gostoso, não é puxado demais (apesar de que, nos últimos dias, tem sido barra!!!) e tenho liberdade (até certo ponto) para decidir o que é ou não é.
Entretanto, ter que obedecer a ideias distintas de 4 (ou 5) sócios diferentes me mata. E eu precisava desabafar isso.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

...

Hoje a gente brigou ao telefone. Não, isso não é raro. Em tanto tempo juntos, nossas discussões eram praticamente diárias. O que acho interessante é o carinho que se impõe às brigas. Já te disse muitas vezes que te amo, e não menti uma vez sequer. É intrigante isso, já que sou uma pessoa que apaixona-se com a mesma rapidez e frequencia com que se desapaixona, por vezes, em instantes consecutivos. Mesmo depois de você, muitos já vieram e se foram. Você, não. Está ali. Teima em não ir, em ser presente, em me encantar.
Apesar das brigas, o carinho que tenho por você e, por que não?, o amor continuam a crescer, dia após dia. Não sei te dizer se a forma é a mesma. Mas a sinceridade, sim. Para sempre.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Conversa de trabalho

Durante o fechamento do jornal, análises profundas.
- Eu gosto da palavra 'incisivo'.
- Me lembra dente.
...
É por isso que eu amo ser jornalista.

domingo, 9 de agosto de 2009

Então é dia dos pais...

Desde pequena eu aprendi a dar valor à família. A minha sempre foi muito unida, apesar das brigas, e sei que é a melhor que eu poderia ter. A melhor do mundo, inclusive. Depois veio a separação e, ao invés de uma, eu tinha duas - ótimas - famílias. Só que, por muito tempo, eu não conseguia ver isso.
Quando a gente é criança a gente acha que vê as coisas por inteiro. Mas não vê. A visão da criança - e do adulto, também - é unilateral. Só que, quando crescemos, a gente percebe isso. A gente começa a entender porque a moeda tem dois lados e que toda história tem pelo menos três verdades. Como dizia meu orientador, o paizão-professor Ariel. E, por motivos alheios a vontade de muita gente, inclusive a minha própria, eu achava que uma família era melhor que a outra.
Hoje me arrependo de muita coisa que eu fiz. E agradeço a Deus, todos os dias, pelo pai e mãe compreensivos que tenho. Pela família maravilhosa que me deu e, sim, por ela ter defeitos também. Porque a minha família não tem que ficar mantendo aparências, é autêntica como é.
Ontem tive uma conversa com meu pai. Intensa, verdadeira. Sempre que temos conversas como essa eu penso em escrever algo, e sempre fico adiando porque acho quenão vou conseguir passar o real sentido do que quero. Dessa vez, entretanto, resolvi tentar.
Porque, às vezes, acho que, pelas bobeiras que fiz quando era mais nova, acreditando em uma verdade unilateral, o meu pai não tem ideia do tamanho do meu amor. Do quanto me esforço, todos os dias, para ser o orgulho dele e da minha mãe. O quanto ele é importante na minha vida e, diferente do que ele brinca, muitas vezes, essa importância não é financeira. Do quanto eu sei que foi dolorido para ele apoiar minha ida à Bahia e, mesmo assim, ele me deu a maior força do mundo. Do quanto eu amo o colo dele dos poucos dias que passamos juntos. Do quanto me dói a ideia da distância e do quanto eu queria estar junto dele todos os dias.
E esse texto, que ele não vai ler, é para que ele saiba que eu tenho, sim, o melhor pai do mundo. E que não apenas hoje, mas sempre, ele tenha um dia especial. E que o amo, sempre, incondicionalmente.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ressurgindo das cinzas

Dia normal - e calmo! - de trabalho. De repende pisca uma luz laranja no monitor. E, num simples oi, voltei uns 5 anos no tempo. Olho novamente no computador e vejo aquela fênix saindo do meio do nada.
E, como num passe de mágica, voltei a falar a língua das fênix. E amei o papo. Quero conversar de novo... Agora fico à espera da luz laranja no canto do monitor todas as tardes. E quando ela surge, me alegro em poder, mais uma vez, falar com aquela fênix.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Lendo as entrelinhas (e precisa?!)

- Paula, o que você fez no seu cabelo?
- Lavei...
- Ah, não foi isso não. Quando você lava fica tão bonito...
(O.o)

...

- De que signo você é?
- Capricórnio.
- Nossa, você é bem mais capricorniana que a Lari!
- Ai, eu acho a Lari tão mais capricorniana...
- É nada! Capricorniano é muito chato!!!
(O.o)(O.o)

...

- Alguém quer um gole de água?!
- Eu quero!
- Peraí então que eu vou cuspir aqui dentro.
- Isso, cospe mesmo porque eu vou mandar pro Butantã.
(O.o)(O.o)(O.o)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

'Eu não fiz esse troço aí!'

Acordo na terça-feira, depois de um estressante dia. Mesmo tendo que trabalhar, só consigo levantar por causa do comum aperto matinal que sinto na bexiga. Meio dormindo, vou me arrastando até o banheiro...
Quando chego no vaso, um susto. "Epa... eu não fiz esse troço aí", penso, comigo mesma. Fico assustada com a possibilidade de alguém ter entrado em casa durante a noite... Confiro os vários cômodos da quitinete úmida e escura em que moro e, realmente, apenas eu estava ali, já que a Jane, minha companheira de casa, está de férias. Volto ao banheiro, assustada com o troço que boia no vaso. Paro para uma análise mais aprofundada e percebo que uma longa cauda se estende sob o troço.
Sim. Um rato suicida quis nadar na madrugada gelada. Otário.

ps. O pior é que a dona da minha casa, que foi quem tirou o troço lá de dentro, porque eu é que não ia mexer naquilo, ainda disse para a filha dela que eu tinha abortado o 'fofinho'. Mereço?!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Lembranças (dos outros)

No ônibus, em viagem, ouvindo a conversa alheia.
- Ai, eu lembro quando o papai me levava para Cascavel com ele. Eu adorava. Lembro que tinha uma mulher, como a aeromoça de avião, que ficava dentro do ônibus vendendo salgadinho. Era tão bom.
- É, devia mesmo ser.
- O ruim é quando era pinga-pinga... até galinha entrava no ônibus, aos montes. Isso não era legal.
- É, imagino mesmo.

terça-feira, 14 de julho de 2009

A respeito de Marte (e Vênus, também...)

Marte é independente. Vênus sempre esteve atrás dela. 10 anos. 10 anos. 10 anos!!! E Marte resolveu, enfim, ceder. Foi visitar Vênus. E Vênus, feliz, recebeu Marte em sua casa. Entretando, depois que foi embora, nunca mais Marte viu Vênus. Porque Marte é independente. Ou era independente...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sobre coragem...

Amo viajar. Sempre gostei. Gosto da perspectiva de mudança, de gente nova, coisas novas, ares novos. E não gosto de ficar quieta. A não ser num dia chuvoso, como hoje, que eu nem queria ter saído da cama. Mas realmente não gosto de mesmice. Talvez por isso eu seja tão instável com relacionamentos. Só que a questão não é essa.
A questão é que eu queria percorrer o mundo. A pé, de bicicleta, de van, de kombi, não importa. Queria ser sem endereço, saber de tudo um pouco e nada tão profundamente. Mas não tenho coragem. O medo me mantém parada, estagnada, esperando o dia de amanhã que não chega nunca. E quando vejo a Bruna, minha amiga, juntando dinheiro para ir para o Canadá para juntar dinheiro para ir para a África, confesso que me dá inveja. Da coragem dela. Do desprendimento que essa menina tem e eu, também, sempre quis ter. E que, seja pela minha família ou pela estabilidade financeira que busco, infelizmente não consigo.
É, ninguém pode ter tudo...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Pra quem não sabe o que é ruído na comunicação (ou falta de educação, mesmo)...

Uma amiga vem pra Campo Mourão só porque sabe que eu estou morando aqui, mas, como não conseguimos nos encontrar, fica na casa do vizinho dela, lá de Guarapuava que, na verdade, também é daqui. Preciso falar com ela e procuro o número que ela havia me ligado nas chamadas recebidas. Entretanto, havia vários números sem registro na minha agenda. Enquanto caminho sozinha pelo centro à noite, morrendo de medo de qualquer barulho, pego um deles e ligo:
- Alô.
- Oi, quem está falando?
- Você quer falar com quem?
- Eeeer... (não me vem à cabeça o nome do amigo dela) a Bruna está aí?
- Ah, a Bruna não está. Ela está doente e não veio trabalhar hoje.
Pra mim, isso soou muito irônico e grosseiro.
- Nooooooooooossa, seu grosso! Então eu liguei errado, ô fdp!
E desligo. Continuo meu caminho irritadíssima com o cara do outro lado da linha, que não tinha percebido minha real intenção de falar com alguém e me dando uma resposta grosseira a um 'suposto' trote. "Imagine! Devia ter perguntado quem estava no lugar dela agora a noite, a mãe dele ou a irmã!" Revoltadíssima! Coisas que só quem tem tpm e estresse com chefe pode entender.
...
Meu celular toca.O mesmo número que havia ligado.
- Oi.
- Paula, você ligou aqui?
- Ai, Bruna, que cara grosso, meu! Que raiva!
- Ué, como assim?
- Não, Bru, não fui eu quem ligou.
- Não?
- Não.
- Ah, é que ligaram aqui atrás de uma Bruna e a babá do bebê também se chama Bruna e não veio hoje, daí não sabia se era Bruna eu ou ela.
Caio na gargalhada. Gente, como pude ser tão grossa? Que idiota, como não percebi que não era nada demais?
- Ai, Bruna, fui eu que liguei, mas não fui. Você não sabe quem foi, tá?!
...
Que vergonha!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Passagem

Adjunto: adj. Unido, contíguo, associado; s.m. agregado, auxiliar, agregado; (Gram.) termo acessório que modifica outro, principal ou acessório. ad.jun.to

Acompanho - ou tento acompanhar - um diálogo na casa de uma amiga, em Salvador.
- Nossa, gente, eu acho tão diferente esse jeito de vocês de falarem. Adjunto, mesmo, nunca ouvi...
- Não, Paula. Não é adjunto não. É 'di junto' mesmo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

O tal do diploma

A derrota da exigência de formação superior específica para o exercício do jornalismo não chega a ser uma surpresa. O placar - 8 a 1 - foi talvez mais elástico do que o previsto, mas o resultado do jogo era previsível. É o desfecho de uma campanha iniciada há cerca de 25 anos pela "Folha de S.Paulo" e que, posteriormente, foi adotada por outras empresas. Mesmo entre a categoria, muita gente boa passou a condenar a limitação para o exercício profissional estabelecida em lei.

Alguns fatores foram decisivos para a vitória. O Ministério Público, autor da iniciativa de questionar a exigência do curso específico, soube usar uma tese canhestra, porém de grande impacto: a liberdade de expressão não poderia ser limitada. O argumento é falho, quem exerce o jornalismo sabe que não somos pagos para dar opinião. O decreto-lei hoje derrubado não impedia que profissionais de outras áreas se manifestassem em jornais e revistas. É só conferir as páginas de opinião para se comprovar isso.

A "Folha", além de levantar a lebre, teve também uma grande sacada ao batizar a campanha. O jornal não falava em formação profissional específica, mas em diploma. Soube reduzir o assunto a um aspecto cartorial, à posse de um canudo. Ter ou não ter o papel passou a ser a questão. Explorou também o caráter supostamente discriminatório da exigência, um argumento falacioso: universidades foram feitas para democratizar conhecimento. Não sei se eu, suburbano, filho de um contador e de uma dona de casa, teria conseguido chegar a uma redação de jornal se não tivesse cursado uma faculdade específica. A exigência legal - não apenas ela, claro - ajudou a profissionalizar o exercício do jornalismo, a democratizar suas portas de entrada. A formação que tive na universidade não chegou perto do ideal, mas foi a melhor que poderia ter tido, era a única - formal ou informal - que estava ao meu alcance. Não era parente ou amigo de jornalistas, não tinha qualquer pistolão. O curso universitário serviu como uma credencial para que eu pudesse ser recebido na primeira redação em que entrei para pedir um estágio. Isso ocorreu comigo e com muitos e muitos colegas.

A questão corporativa foi muito explorada. Isto, como se apenas os jornalistas tivessem essa postura. Em nenhum momento, se questionou a exigência de formação específica superior, assegurada por lei, para o exercício de outras profissões. Há reserva de mercado para arquivistas, economistas, profissionais de relações públicas, bibliotecários, secretários executivos, economistas domésticos. E, claro, para advogados: de acordo com Estatuto dos Advogados, criado pela própria corporação e que virou lei, uma pessoa não formada em direito não poderá sequer fazer a prova da OAB que o habilitaria a conquistar o direito de advogar. Mas não ouvi ninguém falando em acabar com a exigência de diploma para secretários executivos ou economistas domésticos.

Um bom argumento também foi o da vocação, como se não houvesse médicos, engenheiros, químicos e advogados vocacionados. No caso dos jornalistas, a vocação seria suficiente para um bom profissional.. Não faltam, claro, exemplos de ótimos jornalistas não-formados em universidades. Pessoas vocacionadas, que tiveram sim uma formação específica, dentro das redações. Um processo ainda mais restritivo que o dos cursos de jornalismo. A universidade, insisto, democratizou essas oportunidades.

Nessa questão da vocação, o curioso é que só se falava nos grandes jornalistas sem-diploma. Nos ótimos exemplos de grandes profissionais que nunca cursaram jornalismo. Profissionais que se constituem mais em exceção do que em regra. Os defensores do fim do curso específico não trataram dos picaretas que enchiam redações, dos repórteres graneiros, coniventes com a polícia, com os políticos que lhes permitiam acumular o emprego no jornal com uma sinecura em alguma repartição pública. Nelson Rodrigues - um grande jornalista sem-diploma - soube retratar muito bem alguns dos péssimos profissionais com que conviveu. Insisto também: a exigência do curso específico ajudou no processo de profissionalizaçã o da imprensa exigido pelo próprio desenvolvimento social.

A goleada no Supremo também pode - desconfio - ser atribuída à crescente má vontade do judiciário com os jornalistas. Antes intocáveis, juízes, desembargadores e ministros de tribunais superiores passaram também a ser alvo de matérias. O relator do caso no STF, ministro Gilmar Mendes, foi um dos que tiveram muitas atitudes questionadas por jornalistas. Pode ser - pode, é apenas uma ilação - que isso tenha contribuído para a goleada. Juízes devem ser justos, mas sempre serão humanos.

As entidades representativas dos jornalistas também têm um papel relevante no resultado da votação. Elas, em momento algum, reconheceram a, de um modo geral, péssima qualidade dos cursos de formação profissional. Aferraram-se à defesa ampla, geral e irrestrita do diploma (sim, adotaram a denominação patronal para a questão) e não tiveram jogo de cintura para reconhecer os sinais de mudança. Mudança na correlação de forças e na própria sociedade. A internet confundiu os papéis, os jornalistas perderam o monopólio de informar - ninguém precisa de registro profissional para abrir um blog. Esse fenômeno foi ignorado. Procurou-se apenas bater pé pelo diploma e, se possível, ampliar sua exigência para outras funções nas redações. Pior: há alguns poucos anos, a Fenaj apresentou um projeto de criação de um conselho profissional mais preocupado em punir jornalistas do que em incentivar a qualificação e o bom exercício profissional. Não podia dar certo.

A Fenaj e os sindicatos de jornalistas também erraram ao não admitir a possibilidade de criação de cursos de pós-graduação que possibilitassem a concessão do registro de jornalista a profissionais formados em cursos superiores de outras áreas. Isso seria benéfico para a categoria, para os veículos, para o público. Isso também contribuiria para pressionar os cursos de graduação em jornalismo, que perderiam assim seu monopólio.

E agora? Acho que haverá poucas mudanças nas redações sérias. Por pior que sejam as faculdades de jornalismo, é melhor contratar alguém que, pelo menos, se mostre animado em seguir uma profissão tão esquisita e que já domine alguns de seus fundamentos. Em seu livro "Os jornais podem desaparecer?", Philip Meyer diz que, nos Estados Unidos, 79% (cito de cabeça) dos jornalistas que trabalham em redação são formados em jornalismo. Muitas faculdades de jornalismo devem fechar - o que é ótimo, a maioria nem deveria ter sido aberta.

Imagino que as consequências mais graves ocorrerão no serviço público. Com a desregulamentaçã o absoluta, pode ser que voltemos à situação criada há alguns poucos anos, por esta mesma ação agora julgada em definitivo: qualquer pessoa - qualquer uma, mesmo que analfabeta - tinha o direito de requerer seu registro de jornalista. Se a lógica permanecer, será fácil preencher vagas de jornalistas com os apadrinhados da vez - isso, insisto, principalmente no serviço público: empresários não gostam de jogar dinheiro pela janela.

Enfim, não vejo grandes motivos para lamentar ou comemorar. Acho que teremos uma experiência interessante pela frente. E torço para que a sociedade brasileira - e aí incluídos seus meios de comunicação - se mostre disposta a lutar contra outras reservas de mercado no país. Até para não pegar mal, para não parecer perseguição.


...


Recebi esse texto do meu pai, por e-mail. É do Fernando Molica, jornalista diplomado, da Itaipu, imagino, publicado em 17 de junho de 2009. É comprido, mas é muito bom.
Passado o susto, acho que chega de polêmica...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Jornalisticando

Ontem foi a inauguração da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios. Eu não fui convidada, mas o jornal foi. Então, fui. Em nome do jornal.
Na verdade, fomos. Eu e o Biscoito, colunista social. 'Chiquerê' o tal do evento, como já diria minha avó.
Lá pelas tantas, levantei e fui tirar umas fotos, nada demais. E a cerimonialista pegou o microfone.
"Por favor, o dono do Honda Civic placa tal tal tal..." Eu já tinha tirado umas fotos e estava voltando para a mesa. "...seu carro está estacionado em frente a uma garagem..." Cheguei à mesa, peguei a bolsa da máquina e estava guardando a máquina, de pé ainda. "... e o dono quer entrar. Pedimos sua colaboração em tirar o carro do lugar..." A essa altura, o Biscoito não estava mais aguentando.
- Senta, Paula - ele disse.
- Já sento, só vou terminar de guardar a máqu...
- Paula, tá todo mundo te olhando achando que o Honda é seu. Senta!
E realmente estava. Todo mundo virado na minha direção, a única tança em pé no local. Mas, gente, eu fui à pé! E nem dirigir eu dirijo...


...


Agora, qualquer um é jornalista. Também, num país onde qualquer um é presidente...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Buruga

Estava eu em um belo dia - ou era noite? - fazendo prancha no cabelo, quando o filho do meu padrasto, João Gabriel, o Buruga, com 2 anos, vem me incomodar.
- Ô tia Pulinha blablablablá...
- João, fica quieto!
- Tia Pulinha, isso aí é de quem?
- É meu, deixa aí.
- Posso brincar com isso?
- Não, João, fica quieto!
E corre pra lá, corre pra cá, grita, faz bagunça. Como toda criança hiperativa normal dessa idade. Acontece que, ainda por cima, João é uma criança baiana. Dessas que não ficam quietas nem sob protesto.
- Ô tia Pulinha... vou pegar aquilo ali...
- João! Vem aqui que agora eu vou passar a prancha no seu cabelo.
Mãos na cintura, olhar indignado em minha direção.
- Ó paí, ó, e eu lá sou 'mulé'?
...
Posso?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Coisas dessa vida...

É muito raro eu atender o telefone do jornal. Hoje, entretanto, atendi. Na segunda vez que tocou, o Sérgio me pediu que atendesse e atendi.
- Correio do Cidadão.
- Alô, quem fala?
- Paula.
- Paula?
- Isso.
- Paula de Assis Fernandes?
Peraí. Eu não conhecia a voz e ela sabia meu nome inteiro? Eu não sou famosa, fazem apenas duas semanas que estou aqui. Solto, então, um 'isso...', assustada.
- Oi, Paula, tudo bom? Aqui é a Eliane, mãe do Ricardo...
Pausa para a contextualização.
Ricardo é o pai do meu afilhado. Antes disso, era meu amigo na faculdade. Depois que 'virou pai', eu e ele brigamos. Levando em consideração que ele me adicionou de novo essa semana no orkut, acho que estamos fazendo as pazes. Detalhe: ele e a família são daqui. A dona Eliane, mãe dele, eu já conheço. Fui na casa dela, uma vez, sem conhecer. Já estava brigada com o Ricardo, mas como ele fugia da profissão de pai, fui apelar para a profissional avó. Não foi o melhor dos encontros.
Então, quando a voz do outro lado do telefone se identificou , não sei nem explicar o que pensei, senti, nada. Sei que fiquei com vontade de rir, muita.
- Oi, dona Eliane. Tudo bem?
- Tudo. A Graci me disse que você está morando aqui em Campo Mourão, fiquei muito feliz. Resolvi te ligar para desejar boas-vindas e pedir um favor. Você tem tempo?
- Olha, dona Eliane, agora eu estou terminando uma matéria.
- Você trabalha em que período? Tem algum horário livre?
- Meu horário de almoço, geralmente do meio dia às duas.
- Ah, então posso pegar você aí amanhã, pra gente conversar? Ou melhor, que hora você sai hoje?
- Às 18h - detalhe, eram 20 pras 18h.
- Ai, que bom. E eu posso passar aí hoje mesmo?
- Pode, pode sim.
- Então já, já estou aí.
E era já, já mesmo. Às 17h55 a recepcionista me chama.
- Paula, a Eliane já está te esperando lá na frente.
Desligo o computador, pego minhas coisas e vou ao 'encontro'.
- Oi, dona Eliane, tudo bem?
- Oi, Paula! Olha só, fiquei com medo de ter te esquecido, mas lembrava direitinho do seu rosto! Tudo bem? Está aqui há quanto tempo? Está gostando de Campo Mourão? A Graci me disse que você vai para lá no final de semana, é verdade?...
...
Embaraçoso, mas bem menos traumático do que eu imaginava.
Dizem mesmo que a vida tem dessas...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

'A' entendida...

O ônibus passou mais cedo e, consequentemente, eu cheguei mais cedo no trabalho (depois de alcançar o ônibus, claro!). Nenhum carro na porta. Abro minha bolsa, pego a chave e penso... "Qual é mesmo a senha... aaaah, sim, lembrei!".
Nisso, chega o menino que faz as entregas. Me pergunta se não tem ninguém. Eu, toda me achando, digo que não, mas que não se preocupasse que eu tenho a chave.
Abro a porta e digito a senha no alarme.
Pi-pi-pi-pi-pi-pi-pi-pi-pi-piiii...
"Ops! Será que não era essa senha?"
E o pi-pi-pi continuando, sem parar...
"Ai, meu Deus... que senha que é... mas era essa... o Sérgio me disse que era essa..."
A essa altura, o menino estava se segurando para não rir na minha cara. E o celular, que se esconde na bolsa, nessas horas?!
"Ei, você tem o número do Sérgio? Vou ligar para ele e perguntar qual a senha..."
E, enquanto estou ligando, a porta se abre. "Sérgio?! Ué, o que você está fazendo aí dentro?"
"Paula, por que você ligou o alarme?"
...
É, eu realmente entendo das coisas...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Depois de um dia de trabalho...

Tpm e e saudade, combinação perfeitamente trágica.
E dá-lhe chocolate.

(Pelo menos voltei caminhando!!!)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Brincando de ser repórter

Hoje comecei, efetivamente, a trabalhar. Não que não tenha trabalhado antes, estou nesse jornal há três dias e naquela outra bodega fiquei três meses. Hoje, entretanto, me senti, pela primeira vez, jornalista. De início de carreira, cheia de medos, mas jornalista.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Adeus, ano velho...

É estranho começar esse blog com o término de uma 'temporada' da minha vida... um ano que, mesmo não tendo começado ou terminado junto com o calendário oficial, marcou muito a minha vida. Mas a vida é mesmo estranha...
Bahia... uma grande paixão... como me decepcionei neste ano. Mas não é das decepções que quero lembrar. Essas quero mesmo é esquecer.
Lembrar eu vou, para sempre, do acordar ao som de Roupa Nova ou Vitor e Léo, do café da manhã e do almoço juntas, mesmo que atrasado. Das idas e vindas a Salvador, de moto, de ônibus, de van... Das brigas, do colo, do carinho, das confidências. Da saudade.
Também não me saem da cabeça o olhar, o sorriso, o abraço, o carinho, o amor, o companheirismo, as surpresas, o passear de mãos dadas, as noites e noites de conversa... e tudo que a gente passou junto em tão pouco tempo e que, com certeza, deixou um buraco imenso aqui dentro. Lugar, mais uma vez, da saudade.
E as amizades. Ah, essas também não vou, nunca, esquecer. E quero rever mais uma vez, e de novo, e de novo, e de novo, e de novo... enquanto isso, essa maldita saudade entra em cena, só pra variar.
Estou de volta na minha Pasárgada, e feliz por isso...
Mas a saudade... essa não me deixa em paz.

(Preciso URGENTE aprender a postar vídeos do youtube...)