quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Luto

Hoje, vozinho, o senhor morreu de novo. Sim, eu sei que já se passaram quase cinco anos da sua partida, mas essa noite, nos meus sonhos, o senhor estava vivo. E morreu, ali mesmo, no sonho. Ali mesmo, nos meus braços. E chorei, mais uma vez. Passei o dia de luto. Como naquele 15 de fevereiro, anos atrás. E acho que o céu percebeu, pois agora chora junto comigo.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Tum-tum

Tinha apenas quatro meses e toda a vida pela frente. Seu pequeno corpo ansiava pela vida. Lutava, quando outros já teriam desistido. Faltava-lhe um pedaço, nasceu com um buraco no coração. Mesmo assim batia, ávido. Pulava incansavelmente para fazer com que lhe amassem, que estivessem ali. E estavam. Até o último minuto. Até quando seu pequeno coraçãozinho cansou. E decidiu que era hora de parar. Mas viveu, amou e foi muito amado. Triste é pensar que outros tão inteiros, tão maciços, já não sabem para que batem. Criam um buraco muito mais difícil de tapar. E amargam suas vidas.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Em mim

Eu queria te abraçar até te deixar aqui, dentro de mim. Porque seu abraço me completa e me acolhe. Nosso abraço. Compassa as nossas respirações, traduz nossas vontades. Ao menos a mim, faz feliz.

*Registrando o que meu amor disse. Porque eu também gostaria de ter-lhe dito!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Encontro musical

- Agradeço a atenção, Fabio. Vou deixar meu cartão com você e aguardo o seu contato.
Ele pega o cartão e lê, com atenção.
- O seu nome é Paula Fernandes?
- Isso - respondo, já à espera de uma piadinha.
- Não acredito! É brincadeira!
Rio, porque não tem muito mais que eu possa fazer. Ele, então, completa, para a minha perplexidade:
- O meu é Fabio Jr!

domingo, 8 de abril de 2012

Cantora errada

Durante uma reunião numa chácara, entro no banheiro. Lá, apenas uma garotinha de cinco ou seis anos. Talvez sete. Que me fita atenciosamente e exclama, certeira:
- Eu tenho uma música sua!
Assusto-me, já que não a conheço. Não usava crachá algum, como saberia ela que meu nome é de uma cantora famosa?
- Aé? E que música minha você tem?
- Da Ivete Sangalo. Você é muito parecida com ela!

terça-feira, 20 de março de 2012

Marquices

- Marco, quer ir na casa do meu namorado?
- Eu conheço o seu namorado, dindinha!
- Conhece sim. Sabia que ele tem um video game?
- Nossa, eu gosto MUITO do seu namorado, sabia, dindinha?

domingo, 11 de março de 2012

Fácil, facinho

"Gosto e preciso de ti, mas quero logo explicar, não gosto porque preciso. Preciso sim, por gostar." (Mario Lago)

É engraçado o peso que essa palavra tem, especialmente quando se trata de você. Porque eu amo fácil, facinho. Não canso de dizer do amor que sinto por minha família, incondicionalmente, e meus amigos tão queridos. Não hesito em chamar de meu amor as minhas crianças - afilhado, primos e até mesmo o filho do meu padrasto e sobrinhos emprestados. Também meu cachorro é meu amor. Permito-me, inclusive, falar do carinho que ainda mantenho por amores antigos, mas me assusta admitir um novo. E se estiver precipitada? E se estiver enganada? A verdade é que eu amo fácil, facinho. E você me cativou de uma maneira que eu não esperava, com uma intensidade não planejada. Fez com que eu mudasse os meus planos, invadiu - veja só! - os meus pensamentos. Ocupou espaços vazios e outros sofridos dentro de mim. De tal maneira que preciso lhe ver e ter notícias suas todos os dias, senão piro. Tanto que, como há muito tempo não acontecia, só você me basta. É, eu sei que amo fácil, facinho. E sei, também, que queria lhe chamar de meu amor, mesmo que, com frequência, o silêncio me ganhe.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Meu pedacinho de Goiás

Jataí é, sempre foi, meu pedacinho de Goiás. Não que as outras cidades não sejam boas, mas Jataí é especial. A maior parte das boas memórias que tenho, de Goiás, aconteceu nessa terrinha. Foi aqui a última vez que vi o seu Ney bonzinho de tudo. Quando se mudou pra Goiânia, o vovô já estava bem doente. Aliás, foi o tratamento, que Jataí não oferecia, o motivo principal da mudança do seu Ney e da dona Maria para a capital do estado.
O interessante - e triste - é que, mesmo gostando dessa terra, ela foi se perdendo de mim, pouco a pouco. Primeiro com a partida do vô Nano, que confesso não me lembrar tanto, já que vim poucas vezes para cá, quando pequena. Mas lembro da alegria que era estar em sua casa, com a vó Maria - não a mesma ali de cima, essa se chamava Maria mesmo. Como a mãe da vó Inha, Maria, também. A dona Maria, do seu Ney, a minha vó Inha, não se chama Maria. Chama-se Zelinda, mas desde que me entendo por gente, os filhos a chamam assim. E nós, os netos, herdamos o costume.
Lembro-me do vô Nano com o artefato que parecia um cone que colocava no ouvido para entender o que o dizíamos. Lembro o tanto que estranhava aquilo. Também lembro da vó Maria, essa mesma casada com o vô Nano, dar-nos bronca com mão levantada e o dedo que faltava no meio. Eu era ainda novinha quando eles se foram, e lembro da dor da minha mãe ao receber a notícia. Doeu em mim vê-la daquele jeito, mas nunca pensei que fosse entender o quanto poderia doer. Hoje eu sei.
Depois, grande, quando a vó Inha e o vô Ney deixaram o Paraná e vieram para sua terra natal, passei a vir com mais frequência para cá. Afinal, era a primeira neta, o xodó, e sentia muita falta da presença constante dos avós. E, com as visitas, conheci melhor a grande família que tenho espalhada por aqui. Convivi com o vô João e com a outra vó Maria, aprendi um tanto com eles. Sobre truco - vô João era um jogador exímio -, sobre mim, sobre a vida. E sobre a efemeridades dela. Assim, com a partida dos meus avós para a capital, e a partida dos meus bisavós e meu avô, também, para o mundo espiritual, Jataí se perdeu de mim. Mesmo que aqui ainda hajam tios, tias, primos e primas, todos muito amados.
E hoje, quando entramos na cidade, eu e vó Inha, a nossa dona Maria, foi inevitável chorar. Porque meu pedacinho de Goiás já não tem a mesma cara, a mesma vida. Continua sendo meu, mas a certeza da falta deixa um buraco grande. E a vontade de poder viver o que já foi outrora, mas que não se pode, mais.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

15 de fevereiro

É, o tempo passa. A saudade, essa fica. E essa música diz tudo, porque ela conta de você. Porque você foi campeão, seu Ney. E eu não tenho mais palavras. 4 anos, já...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Elementar, meu caro...

Meu pai é gaúcho. Colorado e bom assador, como diz a placa que lhe demos, eu e meus irmãos, no Natal. E eis que conheço um rapaz, também gaúcho. Porém gremista. Quando as coisas começaram a ficar mais sérias, pensei diversas vezes em como contaria ao meu pai. "Pai, tenho uma notícia, mas ela pode ser boa ou ruim", pensava. Pois bem, comecei a namorar. Antes que meu pai descobrisse pelas redes sociais, decidi lhe contar. Via SMS.
"Paizinho, estou namorando. É um gaúcho."
Minutos depois, a resposta. Também por SMS.
"Que legal, filha! Fico feliz. Obs. Mas ele não é gremista, né?!"
.
Obviedades. O mundo está cheio delas!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Sob a chuva

Olhou para a porta da frente e viu a chuva cair. Até se assustava com a força dos pingos, mas o sorriso era um convite para enfrentar a noite tempestuosa. Decidiu dar um passo à frente e caminhou para a água que vinha dos céus. Cada gota, por mais fria que estivesse, esquentava a sua alma. Há tempos desejava aquele momento. Não era exatamente assim que o havia imaginado, mas gostava do rumo que as coisas tomavam. Olhou para o lado e não o avistou. Parou. O sorriso ainda estava na porta, parecia não acreditar que ela aceitara o convite e agora estava na chuva. Olharam-se e ela virou. Queria aquelas gotas, aquela noite. Aquele sorriso. Caminhou ouvindo o som acústico das gotas e até fechou os olhos para sentir o momento na íntegra. Foi quando percebeu que, além das gotas, passos a acompanhavam. Abriu novamente os olhos e encarou aquele sorriso. Sorriu, timidamente. Ajeitou o cabelo molhado, segurou na mão do rapaz e seguiram, pela chuva.

...

* Um beijo pro Vinícius querido, que leu e aprovou antes da postagem! ;)

domingo, 8 de janeiro de 2012

(Des)Serviço bancário

Foi ao banco. Ao chegar, procurou a atendente.
- Oi, pedi um novo cartão, queria saber se chegou.
- Só um minuto. Pode me emprestar seus documentos?
- Claro. Aqui está.
A atendente, com os documentos na mão, abriu a porta onde ficavam guardados os cartões. Procurou no P, até que encontrou o cartão da cliente: Paula Fernandes.
- Paula, neste envelope está o cartão e neste outro, a senha. Você pode desbloquear o cartão no caixa automático e, qualquer dúvida, é só me chamar.
- Tudo bem, obrigada.
E se dirigiu ao caixa. Inseriu o cartão, digitou a senha do envelope e, para que fosse desbloqueado, o caixa automático pediu que confirmasse o ano de nascimento do titular. "1985", digitou. "Não confere", avisou o caixa. "Será que digitei errado?", pensou. E repetiu os quatro dígitos: "1985". "Não confere", setenciou, mais uma vez, o caixa. Cancelou a operação e começou novamente. Desta vez, depois da senha, o caixa pediu o dia do nascimento do titular da conta. "25", digitou. "Não confere". "Ué, o que será que está acontecendo", pensou. E decidiu chamar a atendente.
- Moça, não está dando certo.
- Você é a titular da conta?
- Sim.
- Deixa eu ver no sistema, então. Posso pegar seus documentos novamente?
- Claro.
- Seu nome é Paula Fernandes mesmo?
- Não. Paula de Assis Fernandes.
- E quando pediu o ano você digitou 1985?
- Sim - respondeu, enquanto se perguntava se a atendente realmente acreditava que ela não se lembraria da data em que nasceu.
- E o dia, 25?
- Isso.
- Ué, não sei o que está dando errado... Deixa eu ver...
E, depois de mexer por quase cinco minutos no sistema do banco, olhou-me, com cara de espanto.
- Paula! Esse cartão não é seu! É de outra Paula Fernandes!
- Nossa! Outra? Aqui em Campo Mourão?
- Sim. Ai, me devolve aqui os envelopes. Nossa, será que ela não vai ficar brava? Ai, meu Deus...
- Ixi... Mas quantos anos ela tem?
- É de 1986.
- Ahm... - respondeu, enquanto pensou que a atendente tinha lhe dado a primeira das informações, caso estivesse mal intencionada. Pensou, também, que talvez tivessem entregado o seu cartão à Paula errada. E se ela ficasse devendo em seu nome? E se alguma coisa desse errado? E se... - Moça, e se entregaram o meu cartão a ela?
- Verdade! Vou entrar em contato com ela e ligo depois para você, pode ser?
- Pode. Ah, mas não vai ter perigo, né. Ela não vai conseguir desbloquear, já que não nasceu nem em 1985 nem no dia 25...
- Não, ela nasceu no dia 03.

...

Ainda bem que a Paula em questão não era mal intencionada...