sábado, 24 de dezembro de 2011

Tempo

Não é no espelho que o tempo me assusta. É nas minhas crianças, que, confesso, quase já não são mais crianças. O tempo é cruel demais quando deixa que elas cresçam sem que eu acompanhe, sem que eu saiba. Sem que eu veja, dia a dia.
Porque, no espelho, o tempo não me machuca tanto. Mesmo que não seja mais a mesma e que a proximidade com o não-sei-o-que me assuste. Porque, pra mim, enquanto houver tempo, estou no lucro. Mas o tempo deles não é o meu. É longe de mim. E dói, como dói.



*Acho que o esquema é ir pra Terra do Nunca...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Sebastião Alves Ferreira, 2721

A casa tinha dois andares, além da edícula nos fundos. Ela gostava mais quando a edícula não existia e no fundo da casa tinha um parquinho, que dividia com as outras quatro casas vizinhas, onde ela, a irmã e as amigas sempre brincavam. Uma vez elas estavam no balanço quando o irmão, recém-nascido, chorou alto. Alto mesmo, tanto que, lá do parquinho, ouvia-se o choro da criança que acabara de acordar. Assustada, ela pediu à amiga que chamasse sua mãe, que conversava com a mãe da amiga durante a sesta diária do filho. Enquanto a mãe não chegava, ela não podia deixar o irmãozinho chorando. Correu para ver o que havia acontecido.

Ao chegar ao quarto, o menino já estava vermelho. Ela lembrou do ritual que a mãe seguia para descobrir o motivo do choro. Primeiro, verificar as fraldas. E foi o que fez. Estava ali o problema. Acalmou o irmão e decidiu trocar a fralda. Sozinha, aos seis anos de idade. Limpou o irmão, jogou a fralda suja no lixo e então a mãe chegou. Naquela noite foi dormir se sentindo heroína. Sentia ter salvado o irmão.

E foi na frente da casa, na rua de cascalho de pouco movimento com bueiros enormes a céu aberto, é que ela aprendeu a andar de bicicleta.

- Não larga, pai, senão eu caio!

- Não vou largar, filha.

E pedalava, acostumando-se com o equilíbrio que o corpo dava à bicicleta sem as rodinhas. E o pai segurava onde outrora ela ia na garupa.

- Não larga, pai.

...

- Não larga, tá, pai?!

...

- Pai?

Foi quando virou e percebeu que o pai acenava, longe, para ela, enquanto comemorava os poucos metros que a filha pedalara sozinha. Nervosa com a ausência das rodinhas, ela caía. O pai, que já havia previsto o nervosismo da filha quando percebesse que estava só e o tombo iminente, já estava em sua direção, para lembrar que é caindo que se aprende a levantar.

Outra vez, no campinho em que os meninos jogavam futebol ao lado, ela e a irmã descobriram um mundo à parte ao ultrapassarem a cerca de arame farpado. Tardes de correria, sem preocupação, de diversão. Juntas, sempre.

O que ela mais amava naquela casa era o seu quarto, que dividia com a irmã. Entre as camas tubulares cor-de-rosa, a casinha de madeirite que era, na verdade, um baú cuidadosamente escolhido pela mãe, para guardar os brinquedos que antes cobriam o chão do quarto. Do outro lado da cama, a porta que a mãe mantinha trancada, mas que ela e a irmã ansiavam por ver aberta. Do lado de lá da porta, uma sacada. Pequena, miúda, que mal cabiam as duas de pé, mas que lembrava, às meninas, a torre dos castelos das histórias de princesa que a mãe contava antes de dormirem. Do lado esquerdo do quarto, o quarto do irmão. Do direito, o dos pais. E, ao lado do quarto do irmão, o banheiro. Ela adorava o vapor que invadia o andar de cima depois que o pai saía do banho e do perfume que se espalhava pela casa. E tinha certeza: aquele era o melhor cheiro do mundo.

Hoje, anos depois de ter ido embora, sonhou com a casa. E nos sonhos era tudo como outrora. Ela era feliz como naquele tempo. Na casa onde não há lembrança de tristezas. Naquela casa, na rua Sebastião Alves Ferreira, 2721.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Paredes

Nunca são só paredes. Quando você fecha a porta, não são as paredes que você deixa para trás. Não é por causa das paredes que seu coração aperta, seus olhos marejam. Existe vida além das paredes. A sua vida ficou gravada ali, durante dias, meses, anos. Cada detalhe que, além de você, apenas as paredes conhecem. É por isso que, mesmo com as manchas, as marcas, as infiltrações, aquelas paredes fazem falta. E ali, ante à porta fechada, resta esperar que as novas paredes possam presenciar tantas alegrias, ou até mais, que aquelas atrás da fechadura.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ausência de coragem

Eu tenho medo de perder você. Tanto que dói, tanto que nem sei. Tenho medo do não-ser de todos os planos que fiz e de todos que faria. Tenho medo de não ter mais seu sorriso, de você não querer mais meu abraço. Tenho medo até da falta que você já me faz. Tenho medo de pensar em encontrar um outro alguém com um tanto de você e outro tanto não. Tenho medo do vazio que me dá pensar nisso. Tenho medo do meu futuro sem você e do seu, sem mim.

domingo, 21 de agosto de 2011

70 anos

Levantou pela manhã e bebeu um copo d'água. Era um dia como tantos outros, mas não era um dia normal. Enquanto a água descia pela sua garganta, lembrava-se dos dias passados. Lembrava-se das brigas, das brincadeiras, das implicâncias, do carinho. Do amor. E do fim, dolorido como quase todo fim.
Caminhou em passos descompassados até o banheiro, para se olhar no espelho. Era o mesmo rosto de sempre, mas os brancos do cabelo mostravam que o tempo a marcara com muito mais rapidez do que de costume. "Preciso retocar a tintura", falou consigo mesma. Os cabelos, embranquecidos, diziam a ela muito mais do que a qualquer outra pessoa. Sussuravam que, sim, ele estava presente nela. Não que fosse preciso desse aviso, ou dos calos que por vezes incomodavam seus pés, para ela vê-lo dentro de si. Sabia que tinha mais, marcas invisíveis a olhos nus.
Fitou atentamente o fundo dos olhos do reflexo em sua frente. Era seu aniversário hoje. Queria ligar para dar os parabéns, mas não sabia qual número discar. Não havia um número. E ao pensar nisso lhe acometia um vazio.
Abriu a torneira e banhou o rosto, na tentativa de esquecer aqueles pensamentos, de espantar o vazio. Percebeu que não apenas a água escorria pela sua face. Agarrou-se à toalha de rosto como quem se agarra a um ombro amigo. Chorou. Amargamente, aos soluços. Queria abraçar, queria lembrar que o amava, queria mostrar o quanto dele ainda vivia dentro de si. Só que isso não era mais possível.
Quando conseguiu conter as lágrimas, decidiu voltar ao quarto. Deitou-se em meio às cobertas bagunçadas e apertou um dos travesseiros contra seu peito. Pediu, em oração, que Deus abraçasse o seu vozinho, e lhe contasse que o desejo de parabéns era dela.

domingo, 14 de agosto de 2011

Ismália

Queria abraçar a mãe,
Queria parabenizar o pai
(E vice-versa).
.
Feliz aniversário, dona Lu. Feliz dia dos pais, seu Paulo. Amo vocês!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Observador




- Paulinha, eu vi você no site da Viva Mais. Bacana, heim, menina, que diferença!!!
- Pois é, você viu?
- Sim. E vi, também, que você teve o cuidado de colocar a mesma roupa na foto do antes e do depois, pra gente ver a diferença.
- Então... quase...
- Não é a mesma roupa?
- Não, não. Na primeira foto eu tava com uma calça comprida, na segunda, não...
- Ah... mas o top eu vi que você colocou o mesmo!
- É... quase... o primeiro é bem fechado, o segundo tem decote V...
- Mas era tudo preto!
- Ah, isso sim!
- Viu?! Homem repara em tudo mesmo!!!
(Ah, repara...)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Disritmia

O desejo até podia ser o mesmo, mas o tempo não. A vontade de estar perto, de estar junto, de construir uma vida a dois era mútua. Mas ele queria agora, ela não. Ela queria o mundo. Queria voar, descobrir e se descobrir. E queria ele, depois disso. Ele tinha certeza e pressa. Principalmente pressa. Queria ela, casar com ela, filhos dela, envelhecer ao lado dela. Tudo agora. E, por um tempo, ela também queria. Ou achava que queria.
Decidiu partir. A cidade pequena a abafava, sufocava. Talvez pelo calor, talvez pelo tanto tempo sem nada. Precisa de desafios, obstáculos, objetivos. Precisava construir algo. E o deixou. Não por muito tempo, pensou. Mas não por pouco, também. Ele precisava aprender que o mundo ia além dela. Que era grande, enorme. Que era possível ser feliz, também, sem ela.
Mas ela o queria bem. Queria-o por perto. Mesmo que o perto ainda fosse longe. Ajudou que ele se encontrasse. Buscasse um rumo melhor, um caminho mais amplo. Acreditasse que, sim, ele também podia construir o seu mundo. E que, com seus mundos mais concretos, seus caminhos poderiam voltar a se cruzar. Porque havia o desejo mútuo de passarem uma vida juntos.
Mas ele tinha pressa. E certeza. E vontade de tudo agora. Mal começou a trilhar a nova estrada e substituiu ela. Fez novos planos e, sem planejar nada, casou, engravidou, envelheceu. Longe dela. Que aprendeu a voar, a descobrir o mundo. E se descobrir a cada dia.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Xará

- Seu nome é assim mesmo, como está no cartão?
- Oi?
- O seu nome. É Paula Fernandes mesmo?
- Ah, é sim - digo, enquanto meu irmão e uma amiga caem na gargalhada.
- Nossa, que legal, ter um nome assim, famoso!
- É... mas o nome é meu há mais tempo - completo.
Comecei a pensar. O que é que passa pela cabeça da moça? Que roubei o cartão da Paula Fernandes? Que sou tão fã que até mudei o meu nome para ser igual ao da ídola (ainda bem que eu não pensei nisso quando eu queria ser a Sandy). Que eu empresto o meu nome para ela e recebo cachês no final do mês? Paulinha, querida, chegaram algumas contas desse mês, quer que envie por e-mail ou te passo o valor e você deposita, bem?

terça-feira, 5 de julho de 2011

Ausência de fé

A gente era inocente, lembra? Eu via em você todo o futuro que eu planejava pra mim. Mas você sequer percebia que eu existia. Pelo menos era o que eu pensava. O que sempre tive certeza, já que as minhas amigas sempre tiveram muito mais a sua atenção do que eu.
Sempre acompanhei sua vida. À distância, como eu podia. Comemorei seu casamento, o nascimento da sua filha. Comemorei, sim, porque aquilo que eu sentia, outrora, transformou-se num carinho enorme. Uma vontade grande de te ver feliz, sempre.
As nossas vidas tomaram rumos desiguais, bem diferentes. Eu acredito na alma humana, na força do ser, mas tenho medo. Muito medo. Você tem uma certeza que jamais me pertenceu. Quando conversamos, sempre sinto uma vontade forte, muito forte, de chorar. Eu tenho medo, meu querido, do que escolhi. Mas tenho medo, também, do que posso escolher. Eu penso que esse mundo é grande demais e que eu preciso conhecê-lo. Acredito que o futuro que, agora, tenho em mente, não cabem nos planos que você acredita serem os melhores. E tenho medo de estar errada.
Eu agradeço, mesmo, a sua ajuda. A sua insistência. A sua vontade de me ver, como você diz, no caminho certo. E espero que você não se decepcione comigo. E que você saiba que o que eu senti, um dia, por você, está aqui. Bem guardado. E faz com que eu pense realmente em tudo isso.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Grávida

- Matheus, sabia que você vai ter um novo priminho?
Olhos arregalados em minha direção. Silêncio. E mais silêncio.
- O tio Wan tá 'grávido' de novo.
- Ufa! Achei que fosse a Tati.
- Eu também achei que fosse a Tati - exclama a Pati, chegando à porta do quarto.
- Não... mas já pensaram que dó? Essa criança já vai nascer tia. Ou tio.
Risos. Mais tarde, ao telefone.
- Vó, a senhora vai ter mais um netinho!!!
- Ou netinha, vai saber.
- Verdade. O tio Wan, também, é um reprodutor em potencial, heim?!
- Nada, ele tá certinho. Você e a Tati que estão muito lerdas. Já 'tão passando do ponto...
...
- Tati, você sabia que vai ser tia de novo?
- Não! Como assim? Ninguém me contou!
- O tio Wan tá grávido de novo!
- Gente! Como assim?
- Não, Tati, e você não sabe o que a vó me disse. Que eu e você estamos passando do ponto, já...
- Não creio!
- É. As formadas, as estudadas, as centradas e outros 'adas' aí...
-É. As encalhadas.
...

terça-feira, 28 de junho de 2011

Micro-ondas

Ganhei da minha mãe, na última viagem a Curitiba, um micro-ondas. E o trouxemos, eu e Matheus, no ônibus, junto com tantas outras coisas que foram cuidadosamente amontoadas em caixas pela minha mãe. Chegamos às 6 e pouco da manhã, como de praxe, e resolvemos começar a guardar as coisas. O micro-ondas foi o primeiro a ganhar destino. Ficou na mesa da cozinha, ao lado da tomada. Perfeito.
À noite cheguei tarde da academia e não tínhamos feito compras. Nada para comer. Um frio horrível lá fora. O Matheus se prontificou (depois de eu ter pedido com cara de choro) a ir comprar alguma coisa. Voltou com leite, achocolatado e pipoca. De micro-ondas.
Quando o micro-ondas foi ligado e teve início o barulho característico de funcionamento, o Pingo, meu cachorro, ficou preocupado. Orelhas em pé, atento. Rodeava a mesa, à procura da origem do som. Foi quando começou o estouro das pipocas. O Pingo, a princípio, assustou-se. E decidiu chegar perto, aos poucos. Como a mesa é alta, ficou sobre duas patas. E olhava, tentando entender o que era aquilo.
Pipoca pronta, pegamos o pacote e fomos ao sofá. O Pingo, que sempre pede comida, olhava, incrédulo. Demorou para que se aconchegasse. Mas se aconchegou. Deitou entre mim e o Matheus e sossegou. Até que a pipoca acabou e resolvemos estourar mais... Um dia ele entende o funcionamento da coisa, quem sabe!

sábado, 25 de junho de 2011

Weddings

O ano está na metade e já fui a quatro casamentos. Nunca fui em tantos em tão pouco tempo. A sensação que tenho é de que estou ficando velha demais para isso. Minhas amigas começando suas vidas com seus maridos e eu sequer tenho um namorado. Não que esteja procurando um, não é isso. E também é bem verdade que volta e meia me sinto muito sozinha. Só que tenho medo de ser sozinha para sempre, mesmo sendo o que eu quero, por hora.



A questão é que, mesmo que eu goste - e muito - das amigas que casaram até então, nesta semana se casou a primeira das minhas amigas de muito tempo, mesmo. Sabe aquela história de casamento da melhor amiga? Então, mais ou menos isso. Não sou mais criança e não tenho mais esse negócio de melhor amiga. Tenho grandes amigas, e, claro, sempre há aquelas com maior afinidade. Maior companheirismo. Maior amor, por que não?


A Jackie sempre foi caso de amor. Nós nos amamos, por menor que seja o contato que tenhamos. Ela sempre esperou muito de mim e eu dela, e mantivemos a nossa amizade, mesmo com toda a distância, por esforço mútuo. Mais meu, às vezes, mais dela, outras vezes. A questão é que não importa o tempo que se passe, o reencontro é sempre uma delícia. Assim como com a Bruna, outra amiga que estava no casamento.


Sempre soube que a Jackie ia ser a melhor. Qualquer que fosse a área que escolhesse. Porque ela quer ser a melhor, ela se dedica para isso. Sempre se dedicou. Hoje é jornalista, uma das mais bem colocadas com a minha idade. Vive bem, ganha bem. Pode não ser a melhor, ainda, mas porque o tempo de carreira ainda não é suficiente para isso. Ela chega longe. Onde quer. Sabendo, sempre, o caminho.


E talvez por esse jeito determinado e independente da Jackie, jamais imaginei que se casaria. Tão cedo, ainda por cima. A Jackie sempre foi razão. A emoção ela guardava, encapsulava, estocava. Ela amou muito, várias vezes. Sempre com os dois pés bem colados ao chão. Diferente de mim, que a primeira coisa que faço é me jogar. Pulo com tudo, com as pernas pro ar num romance novo. A Jackie sempre soube onde queria chegar, e precisava dominar muito bem o caminho.


Anteontem, quando a vi entrando, linda, para ser a primeira do nosso grupo a casar, chorei. Muito. Queria abraçar, apertar, desejar tudo de bom. Sempre. Porque a Jackie merece. Porque a amo, e quero que ela sempre saiba disso. Porque estou muito feliz com a sua felicidade. Especialmente porque ela estava linda, num momento lindo. E a gente chora quando as coisas são bonitas.



"Nós choramos quando alguma coisa é triste. E às vezes também derramamos alguma lágrima quando alguma coisa é muito bela. Quando algo é engraçado ou feio, nós rimos. Talvez algo muito bonito também nos deixe tristes porque sabemos que não vai durar para sempre. E rimos do que é feio porque compreendemos que é só uma brincadeira." (Através do Espelho - Jostein Gaarder)


Eu chorei, e sempre choro em casamentos, porque aquele momento é único. É perfeito. É lindo. Ver o noivo quando a noiva está entrando. Ver os sorrisos nos olhos na hora do sim. Ver o trunfo do ‘pode beijar a noiva’. Casamento são lindos, sim. O da minha melhor amiga, então, foi emocionante. Que seja eterno. E dure para sempre.


(Jackie, sê feliz, amiga. Sempre. Amo demais você.)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Embriaguez

O pouco vinho necessário para soltar meu riso evidencia, também, o rubor da minha face. Entre os passos que vem e vão, mal consigo ver as cores. Tento fingir que estou bem, mesmo que, na verdade, tudo se embaralhe. Preciso realçar os 29 que não tenho. Então rio, rio muito. As gargalhadas ocultam o meu estado etílico. Ajudam-me a ter coragem de fitar, mesmo que eu quisesse fugir.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Meu (nosso) bebê


Depois de tanto tempo, ele enfim toma forma. E nós, mães corujas, ficamos babando... =)
Quer mais? Então entraí!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Descontente

Será que eu vou sempre, para o resto da minha vida, aceitar - e querer - gente que não se dá, não se doa? Será que vou amar tanto e querer tão pouco? Será que vou aceitar tanta gente pela metade, tantas palavras bonitas e vazias?
Eu queria mais. Não quero ouvir que me ama. Não quero que tenham que me dizer para que eu saiba. Eu quero sentir, mergulhar. Quero não ter dúvidas, não precisar perguntar. Eu quero mais, sempre mais...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Falsidade ideológica

Chego à esteira onde a bagagem deve ser retirada e aguardo. Pego a minha mala, a esteira continua a rodar. Um por um, meus companheiros de voo pegam seus pertences e se vão. E eu, ali, parada. Além da mala, aguardava um atabaque. Não, não era meu. Era uma encomenda. Que tinha sumido. A esteira continuava a rodar, mas nada mais estava nela. Ninguém mais ao meu lado.
- E agora, o que eu faço - pensei.
Olho para os lados. À minha direita se aproxima um atendente da empresa aérea.
- Falta alguma coisa, moça?
- Falta. Meu atabaque.
- Atabaque? - me pergunta, com uma expressão que não consegui definir se era susto ou dúvida.
- É, uma espécie de tambor...
- Eu sei o que é um atabaque! Mas você trouxe um?
- Trouxe.
- Tudo bem, vou verificar o que aconteceu. Você pode sentar ali e aguardar que logo a chamo.
Sentei. E esperei. E esperei. E esperei. Já estava bem cansada de esperar quando aquele som de alerta característico de aeroportos, para que as pessoas prestem atenção na mensagem, toca.
- Senhora Paula Fernandes, por favor dirija-se ao balcão de atendimento da empresa tal.
Levantei, peguei a mala e fui. Quando já estava perto o suficiente do balcão para ouvir o que os atendentes conversavam, avistei o rapaz que havia me atendido anteriormente.
- Viu, não é ela. Olha ali - disse ele.
- Onde? - perguntaram outras três atendentes que o acompanhavam.
- Ali, vindo em nossa direção - e apontava para mim.
- Onde? - procurando além de mim, como se eu não estivesse ali.
- Ali - e caminhou até mim, com o atabaque nas mãos - viram só, eu disse que não era ela.
- Aaaaaaaaaaaaaah... - exclararam, em uníssono de decepção, enquanto guardavam algo que pareciam bloquinhos de papel e canetas.
- Moça, tá aqui seu atabaque. Elas acharam que você era a cantora, sabe? Me dá um autógrafo? - e riu.
Ri também, de entender o porquê de tanta decepção. Imagine, uma Paula Fernandes que perde um atabaque... Vai que decidiu mudar o estilo?!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sobre o descanso merecido

Queria o contrário. Férias o ano inteiro e quinze dias de trabalho, para compensar aquele descanso todo...

segunda-feira, 9 de maio de 2011

terça-feira, 3 de maio de 2011

Reticente

Com você, tudo parece mais fácil. O mundo tem menos problemas, as piadas têm mais graça. As horas correm, mesmo que queiramos, na verdade, que o tempo pare. Com você, qualquer lugar é bom, qualquer céu é mais estrelado. As cores são mais vivas e a música, melhor. Com você, eu pareço não ter fim. O triste é que, com você, também não vejo futuro em mim.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Ponto, sem vírgula

É difícil, mas a gente precisa entender quando não dá mais. Quando faz mal pra gente, quando a falta e a dor são maiores que o que a gente sente. É sério, eu gosto de você. Mas você não é pra mim.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Dadadadada



Eu amei o vídeo e precisava compartilhar isso!!!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Bolero ou valsinha?


Passo na academia, que é caminho do local da entrevista até o jornal, e paro para dar um 'alô' para o pessoal. Além do meu irmão, na esteira, e do personal atendendo, outras duas moças estão presentes.
- Blusinha nova, heim, Paula? - diz, meio em tom de brincadeira, o personal. Ele sabe que eu a comprei no dia anterior, quando cheguei empolgada contando para todos da nova aquisição.
- Pois é, você viu?
- Não é blusinha. Tem outro nome, isso. Qual é mesmo, Paula? - retruca meu irmão.
Uma das moças abaixa a cabeça e a balança de um lado para o outro, em tom de displicência.
- Bolero - respondo.
- Ai, homem não entende mesmo disso - comenta a moça que havia balançado a cabeça.
- É, para mim, até hoje de manhã era 'casaquinho cortado' - brinca meu irmão.
- E amanhã você vai perguntar para ele o nome, ele diz 'valsa'. Homem é tudo lerdo. Aliás, 'valsinha', porque é pequeno, né? - encerra a segunda moça.

*Meu bolero é lindo, fala sério!

quinta-feira, 31 de março de 2011

Póstumo

Ela acordou com o sorriso no rosto, dando-lhe um beijo de bom dia. Era o seu dia e ela queria que ele se sentisse especial. Ao abrir os olhos, ele viu o sorriso e logo entendeu.
- Hoje não, amor. Hoje não.
Não, ele não gostava daquele dia. Para ele, o dia era de resguardo. Sigilo, prece, aquietação. Sua alma, presa, queria gritar. Queria que gritasse, que chorasse, para que, enfim, esquecesse. Mas ele preferia calar. Não gritava, não chorava e as memórias lhe martelavam a cabeça. Como esquecer de algo que o acompanhara por toda a vida?
Tudo aconteceu dois meses antes do seu nascimento. O pai, taxista, havia sumido. Ninguém sabia do seu paradeiro. A mãe esperou por longos dois meses. Ao pai e ao filho, que estava por vir. O filho chegou e, com ele, a alegria do nascimento de uma criança tão esperada. Mas o pai não estava ali para ver que era a sua cara. Para ajudá-lo nos primeiros passos, com sua primeira bicicleta e ensinar a conquistar a primeira namorada. Não, o pai havia sumido. Até aquele dia.
Enquanto o médico felicitava a mãe pela chegada do menino, um parente entra pela porta com ares de velório. Haviam encontrado o pai da criança. O corpo dele. Estava morto. Morreu porque alguém imaginou que sua vida valia menos que seu automóvel. Morreu, mas o carro não estava mais ali.
- Hoje não, amor. Hoje não. Você sabe, não gosto de comemorar meu aniversário. Amanhã, se você quiser, eu aceito os parabéns. Mas hoje não, por favor.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Excertos



- Vem, vamos por aqui que vou te mostrar onde eu morava.
Enquanto descíamos a rua, ela não conseguia segurar a expectativa. Andar por ali não era apenas dar um passo na frente do outro, era mais. Era voltar ao passado e às experiências de uma infância feliz. Era recordar os medos por não conseguir ver além do muro, ou das ratazanas que a infernizavam, por vezes, no quintal.
- A gente sofria, heim. O vizinho tinha um galpão para por trator, que era bem... nossa! Era ali, onde agora tem aquela casa! Paula, ali era um galpão! E era cheio de ratos, aquelas ratazanas bem grandes, que iam para a nossa casa...
Enquanto ela fala, a minha mente voa. Me transporta à realidade dela, mas me traz, na verdade, a minha infância. Penso no que vivi e no que poderia ter vivido. Tantas árvores para subir, ruas para correr, borboletas para caçar. Amigos por fazer, tanta coisa para viver, ainda. Mas que já vivi, ao meu modo, de acordo com o caminho que eu trilhei. E sinto inveja por não ter raiz. Por não ter sido de um só, ou até mesmo de menos lugares. Sinto inveja das amizades que me foram arrancadas em idas e vindas. Das oportunidades que me foram tiradas de um lado para o outro.
- ...eu até entendo o ciúmes dela...
- Ah, mas eu também. Isso é óbvio.
- Não, mas escuta. A gente brincava lá na rua e eu não sabia...
Por outro lado, agradeço o sem-fim que me foi dado. Os amigos que, mesmo perdido o contato, ainda são vivos no meu coração. Na minha alma. Agradeço a tudo que aprendi, tudo que vivi. E agradeço, também, a esta amiga. Que me deixou conhecer um pouco mais o seu mundo. A sua vida. Desde a sua infância.
.
Porque, no fundo, a nossa amizade é de muito antes de existirmos. Amo você.

segunda-feira, 28 de março de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

A sua respiração

Enquanto a penumbra era trazida pelo vento que uivava na minha janela, via você respirar. Há tanto tempo longe, seu peito agora sustentava os meus pensamentos. Seus braços me envolviam num abraço que já havia sido esquecido, mas que reavivia em mim tudo o que houvera. Era sempre assim. Eu prometia para mim mesma que nunca mais deixaria você passar por aquela porta, mas o seu sorriso me vencia. Era nocaute. E ter você ali por horas, depois de tanto tempo de migalhas, fez com que meu ser se sentisse especial. É como se tivesse você para mim, de novo. Como nunca tive. Quiçá como nunca terei. E enquanto você dormia, eu observava. Eu sentia. Eu amava o seu respirar.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Anoiteceu...


... ele pegou a viola e eu fui só olhar...
Lindo. O show do Renato Teixeira foi incrível. E é impossível, seu Ney, não lembrar do senhor num show como esse. Mais cedo, enquanto o entrevistava, pensava no quanto o senhor ia ficar orgulhoso por eu ter conversado com alguém que o senhor admira tanto. Que se sente feliz - e orgulhoso - em poder representar a cultura caipira. Que faz uma música, como ele mesmo define, de baixo para cima. Que não é feita para vender. É para emocionar. Para viver. E eu vivi, vozinho, durante o show, todos os anos que passamos juntos. E me emocionei, claro. Liguei para a mãe, para o pai e para a vó, para contar, mas não é a mesma coisa. Queria ter dito ao senhor. Ter contado, vô, que amei o show. E que amo a cultura caipira, mesmo que eu seja bicho de cidade. Que amo a cultura caipira porque ela me traz você, vô Ney. E você sempre foi motivo de orgulho. Esse show, vozinho, foi para você.

A foto é minha, mesmo. Achei que ficou bonitinha...

terça-feira, 15 de março de 2011

Nonsense

Porque eram motivo de piada, riam dos outros. Das suas dificuldades, suas incapacidades, seus devaneios.
Porque conheciam bem o preconceito, julgavam os díspares. Os promíscuos, os dislexos, os evangélicos.
Porque não sabiam o que falar, falavam da vida alheia. Da vizinha, da amiga, da própria família.
Porque viviam no inferno, acreditavam que o céu não existia. Nem os santos, nem os anjos, nem a luz.
Porque eram porcos chovinistas, não aceitavam outras espécies. Outras ideias, outras ideologias, outras crenças.
Porque faziam de conta que amavam a todos, a casa sempre estava cheia. De novos amigos, de novos conhecidos, de novos pretendentes.
Porque pouco valiam, passaram por essa vida sem fazer muita diferença. Para mim, para ela, para ele.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Onipresente

Queria estar em todos os lugares, em todos os tempos. Queria os amigos e os amigos dos amigos. Queria o mundo e não se importava em pedi-lo, ao invés de ir atrás. Tinha o dom da inteligência e nunca precisou de esforço. Ria das limitações dos outros e não percebia que também as tinha.
Todos os dias, antes de sair, vestia sua melhor máscara. Tinha uma para cada ocasião, uma para cada sorriso novo. Amava com facilidade imensa e de maneira tão expôntanea que sempre parecia verdade. Tinha o dom da inteligência e nunca precisou de esforço. Lutava contra o preconceito dos outros que via em si próprio, mas fingia não existir.
Em casa escolhia a máscara viril, sóbria, que mantinha o respeito dos entes queridos. Mal chegava ao portão e já a escondia. Gostava mais da intelectual, porém menos séria. E da colorida, quando resolvia que era hora de festa. Subestimava aos outros frequentemente, porque conhecia as próprias incapacidades. Tinha o dom da inteligência e nunca precisou de esforço. E, sem esforço, conseguia o que queria. Porque aqueles de quem ria, lutava e subestimavam lhe tinham estima e ajudavam sempre que podiam. Como estava sempre em todos os lugares, em todos os tempos, convencia a alguns. Depois a outros. É, tinha o dom da inteligência e nunca precisou de esforço.

sábado, 5 de março de 2011

Sem superstição

superstição s. f. 1. Sentimento de veneração religiosa fundada no temor ou ignorância e que conduz geralmente ao cumprimento de falsos deveres, a quimeras, ou a uma confiança em coisas ineficazes. 2. Opinião religiosa fundada em preconceitos ou crendices. 3. Presságio que se tira de acidentes e circunstâncias meramente fortuitas.



Casou de branco, como manda o figurino. Em uma comemoração pública, como é de se esperar. Manteve a castidade; só a entregaria ao homem de sua vida depois do 'sim' no altar. Escolheu minuciosamente cada detalhe, cada pessoa, cada flor de seu buquê. Dispensou a chuva de arroz, não acreditava que aqueles grãos lhes trouxessem energia positiva. Arroz simbolizava frutificação, prosperidade, fertilidade, saúde, riqueza e felicidade, mas para os chineses e hindus, e certamente ela não era um ou outro. Esqueceu-se do nome das amigas na barra de seu vestido, tampouco quis jogar buquê. Se não foi preciso que ela pegasse um buquê para estar ali, àquela hora, as amigas também não precisariam. Entretanto, lembrou-se de, primorosamente, preparar um arranjo para cada uma das solteiras presentes. Como uma lembrança, pensou. Certificou-se de que teria um sino, uma bíblia e de que as alianças estariam lá. O ritual seria completo, perfeito, intangível. Se não fosse um pequeno detalhe. Mínimo, ínfimo. Imperceptível a olhos sem superstição, mas que fizeram os da noiva transbordar. Antes da cerimônia, num ímpeto, o noivo entrou em seu quarto e viu, pendurado, parte de seu vestido. A causa mortis do brilhantismo da festa fora decretada. O que restava, agora, era chorar.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Gay. Por minha causa.

Cena um (ao telefone)
- Oi!
- Oi, tudo bom?
- Tudo. Você me ligou?
- É, liguei, queria saber se você não quer fazer alguma coisa hoje...
- Heim, esse barulho ao fundo... é água? - pausa para perceber que a lua brilha lá fora e não há o menor sinal de chuva por perto - Você está tomando banho?
E cai na gargalhada.
- Estou, por que?
- Como assim por que? Você está tomando banho e atende ao celular no banho? Você está falando comigo enquanto toma banho? Meu, me liga hora que você sair, pode ser?
- Beleza.
E desligam. E caem, os dois, dessa vez, na gargalhada. Cada um em seu canto.

Cena dois (conversa no MSN)
Fulano diz:
Passei por gay hoje por sua causa.
Paula diz:
Ahm?
Fulano diz:
Estava voltando pra casa e lembrei daquele dia que atendi sua ligação e eu estava tomando banho. Aí dei risada sozinho. Nessa hora um cara passa e acha que dei risada para ele, e sorri de volta...
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É... abalando corações!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

In memoriam

- Filha, você está sozinha?
Disse minha mãe, ao telefone, às seis da manhã. Respondo meio irritada com o horário, esperando vir a bronca.
- Não, mãe.
- Que bom. Porque ele vai poder te dar forças.
- ...
- Filha, o vovô foi embora hoje, às três da manhã...

Já fazem três anos. Exatos três anos hoje. E recordar desse diálogo sempre me tortura. Eu sinto a mesma dor que senti naquele dia. Mas parece que já me acostumei com ela. Já consigo falar sem embargar a voz. Já consigo pensar com uma saudade mais gostosa que dolorida. Já consigo ouvir falarem sobre sem chorar. Sabe, seu Ney, entendi que o tempo cicatriza as feridas, mas não apaga as marcas. Mesmo assim, gosto da que ficou. De poder lembrar do senhor com um sorriso no canto da boca. De lembrar até das nossas brigas e ver que sim, cada segundo valeu à pena. Das coisas que aprendi, que o senhor me mostrou. Você sempre foi tão atencioso, vozinho. Espero que esteja bem, onde estiver. E que eu tenha lhe libertado, porque juro que tenho tentado. Muito. Amo você, seu Ney.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O que me faz sorrir...


Ver e passar o tempo com a minha família me faz sorrir.
Meu Pingo lindo, todo faceiro quando chego em casa, só por me ver, me faz sorrir.
Encontrar um amor, mesmo que do passado, e ver que está bem me faz sorrir.
Minhas conversas com minhas amigas me fazem sorrir.
Viajar me faz sorrir.
Conhecer gente nova, bonita (não estou dizendo de aparências, beibes. Gente bonita por dentro. Porque o essencial é invisível aos olhos, lembram?), divertida, me faz sorrir.
Minhas crianças perto de mim me fazem sorrir.
Ver que ainda há esperança me faz sorrir.
A balança, ultimamente, me faz sorrir (ueba!).
Uma gargalhada boa, de criança, especialmente, me faz sorrir.
Ver que sou bem quista a quem quero tão bem me faz sorrir. Por isso que, receber esse selo de alguém especial como a Carol, me faz sorrir. Je t'adore, mon amie! (Viu, ainda lembro de alguma coisa das aulas de francês! Hahahaha)
Mas a Carol explicou que precisava falar apenas duas coisas que me fazem sorrir... É pouco, gente, muito pouco... Então coloquei umas a mais... E as cinco pessoas sorridentes que me fazem sorrir, além dessa minha amiga querida cheia das gargalhadas gostosas, são minha mãe, a Lari, a Graci, o Pedro e a Camis. Queridos, me contem, o que os faz sorrir!? Vamos espalhar esses sorrisos? Beijos. E sorrisos!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A gente

A gente não escolhe gostar, a gente gosta e ponto. Era bem mais fácil gostar de alguém que a gente sabe que gosta da gente. Sem dúvida, a primeira opção. Todo mundo gosta de ser primeira opção. Mas a gente parece que gosta de sofrer, não sei. Gosta de viver de dúvidas, cheio de incertezas. A gente gosta da conquista, muito mais que do gostar, mesmo. A gente tinha que mudar. Porque assim, a gente sofre. Muito.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Choque de realidade

Duas mãos entrelaçadas e o mundo desabado. Quando não se vê, o sofrimento é menor. As dúvidas, o medo, tudo é menor. A realidade nem sempre é o que se espera. Geralmente é cruel. Mas é o que temos. É o que precisamos. Dói, mas é real.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Descobri que não posso ter filhos

Não, não fiz nenhum exame. Descobri isso há alguns minutos. Meu primo de 14 anos está passando a semana na minha casa. Almoçamos e deixei-o na esquina de cima da minha casa. "Você acha que consegue abrir o portão, Luquinhas? Tranca a porta, direitinho, e me dá um toque quando entrar em casa, tudo bem?". E vim para o trabalho. E nada do toque. E nada do toque. E nada do toque. E começou a chuviscar. "E se ele não conseguiu abrir a porcaria do portão, que vive emperrando? E se ele está na chuva? E se alguém pegar ele?".
Começou a me dar palpitações. "Vou para o jornal ou volto para casa?". Suei frio. "Acho melhor ligar para ele". Caixa de mensagens. "Droga. Porcaria de celular, de que adianta eu colocar créditos se nem ligado ele está?". Decidi que era melhor ficar calma. Se até chegar ao jornal ele não tivesse ligado, pediria para alguém ir, de carro, comigo, até em casa. "Falta só meia quadra... ai, Luquinhas, cadê o toqueee?". Olhei no celular, vai que havia tocado e eu nem tinha visto. Nada. Coloquei no bolso, mais fácil de perceber. Nada. Quase na porta do jornal, com o coração na mão, resolvi olhar de novo. Uma chamada não atendida. Olhei, número do Lucas. Alívio. Muito alívio. Alívio mesmo. Ufa. Ele está bem. Meu bebê (?!) está bem. Isso que nem é meu bebê, mesmo... Imagine quando tiver um!