quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Sob a chuva

Olhou para a porta da frente e viu a chuva cair. Até se assustava com a força dos pingos, mas o sorriso era um convite para enfrentar a noite tempestuosa. Decidiu dar um passo à frente e caminhou para a água que vinha dos céus. Cada gota, por mais fria que estivesse, esquentava a sua alma. Há tempos desejava aquele momento. Não era exatamente assim que o havia imaginado, mas gostava do rumo que as coisas tomavam. Olhou para o lado e não o avistou. Parou. O sorriso ainda estava na porta, parecia não acreditar que ela aceitara o convite e agora estava na chuva. Olharam-se e ela virou. Queria aquelas gotas, aquela noite. Aquele sorriso. Caminhou ouvindo o som acústico das gotas e até fechou os olhos para sentir o momento na íntegra. Foi quando percebeu que, além das gotas, passos a acompanhavam. Abriu novamente os olhos e encarou aquele sorriso. Sorriu, timidamente. Ajeitou o cabelo molhado, segurou na mão do rapaz e seguiram, pela chuva.

...

* Um beijo pro Vinícius querido, que leu e aprovou antes da postagem! ;)

domingo, 8 de janeiro de 2012

(Des)Serviço bancário

Foi ao banco. Ao chegar, procurou a atendente.
- Oi, pedi um novo cartão, queria saber se chegou.
- Só um minuto. Pode me emprestar seus documentos?
- Claro. Aqui está.
A atendente, com os documentos na mão, abriu a porta onde ficavam guardados os cartões. Procurou no P, até que encontrou o cartão da cliente: Paula Fernandes.
- Paula, neste envelope está o cartão e neste outro, a senha. Você pode desbloquear o cartão no caixa automático e, qualquer dúvida, é só me chamar.
- Tudo bem, obrigada.
E se dirigiu ao caixa. Inseriu o cartão, digitou a senha do envelope e, para que fosse desbloqueado, o caixa automático pediu que confirmasse o ano de nascimento do titular. "1985", digitou. "Não confere", avisou o caixa. "Será que digitei errado?", pensou. E repetiu os quatro dígitos: "1985". "Não confere", setenciou, mais uma vez, o caixa. Cancelou a operação e começou novamente. Desta vez, depois da senha, o caixa pediu o dia do nascimento do titular da conta. "25", digitou. "Não confere". "Ué, o que será que está acontecendo", pensou. E decidiu chamar a atendente.
- Moça, não está dando certo.
- Você é a titular da conta?
- Sim.
- Deixa eu ver no sistema, então. Posso pegar seus documentos novamente?
- Claro.
- Seu nome é Paula Fernandes mesmo?
- Não. Paula de Assis Fernandes.
- E quando pediu o ano você digitou 1985?
- Sim - respondeu, enquanto se perguntava se a atendente realmente acreditava que ela não se lembraria da data em que nasceu.
- E o dia, 25?
- Isso.
- Ué, não sei o que está dando errado... Deixa eu ver...
E, depois de mexer por quase cinco minutos no sistema do banco, olhou-me, com cara de espanto.
- Paula! Esse cartão não é seu! É de outra Paula Fernandes!
- Nossa! Outra? Aqui em Campo Mourão?
- Sim. Ai, me devolve aqui os envelopes. Nossa, será que ela não vai ficar brava? Ai, meu Deus...
- Ixi... Mas quantos anos ela tem?
- É de 1986.
- Ahm... - respondeu, enquanto pensou que a atendente tinha lhe dado a primeira das informações, caso estivesse mal intencionada. Pensou, também, que talvez tivessem entregado o seu cartão à Paula errada. E se ela ficasse devendo em seu nome? E se alguma coisa desse errado? E se... - Moça, e se entregaram o meu cartão a ela?
- Verdade! Vou entrar em contato com ela e ligo depois para você, pode ser?
- Pode. Ah, mas não vai ter perigo, né. Ela não vai conseguir desbloquear, já que não nasceu nem em 1985 nem no dia 25...
- Não, ela nasceu no dia 03.

...

Ainda bem que a Paula em questão não era mal intencionada...