quinta-feira, 30 de junho de 2011

Grávida

- Matheus, sabia que você vai ter um novo priminho?
Olhos arregalados em minha direção. Silêncio. E mais silêncio.
- O tio Wan tá 'grávido' de novo.
- Ufa! Achei que fosse a Tati.
- Eu também achei que fosse a Tati - exclama a Pati, chegando à porta do quarto.
- Não... mas já pensaram que dó? Essa criança já vai nascer tia. Ou tio.
Risos. Mais tarde, ao telefone.
- Vó, a senhora vai ter mais um netinho!!!
- Ou netinha, vai saber.
- Verdade. O tio Wan, também, é um reprodutor em potencial, heim?!
- Nada, ele tá certinho. Você e a Tati que estão muito lerdas. Já 'tão passando do ponto...
...
- Tati, você sabia que vai ser tia de novo?
- Não! Como assim? Ninguém me contou!
- O tio Wan tá grávido de novo!
- Gente! Como assim?
- Não, Tati, e você não sabe o que a vó me disse. Que eu e você estamos passando do ponto, já...
- Não creio!
- É. As formadas, as estudadas, as centradas e outros 'adas' aí...
-É. As encalhadas.
...

terça-feira, 28 de junho de 2011

Micro-ondas

Ganhei da minha mãe, na última viagem a Curitiba, um micro-ondas. E o trouxemos, eu e Matheus, no ônibus, junto com tantas outras coisas que foram cuidadosamente amontoadas em caixas pela minha mãe. Chegamos às 6 e pouco da manhã, como de praxe, e resolvemos começar a guardar as coisas. O micro-ondas foi o primeiro a ganhar destino. Ficou na mesa da cozinha, ao lado da tomada. Perfeito.
À noite cheguei tarde da academia e não tínhamos feito compras. Nada para comer. Um frio horrível lá fora. O Matheus se prontificou (depois de eu ter pedido com cara de choro) a ir comprar alguma coisa. Voltou com leite, achocolatado e pipoca. De micro-ondas.
Quando o micro-ondas foi ligado e teve início o barulho característico de funcionamento, o Pingo, meu cachorro, ficou preocupado. Orelhas em pé, atento. Rodeava a mesa, à procura da origem do som. Foi quando começou o estouro das pipocas. O Pingo, a princípio, assustou-se. E decidiu chegar perto, aos poucos. Como a mesa é alta, ficou sobre duas patas. E olhava, tentando entender o que era aquilo.
Pipoca pronta, pegamos o pacote e fomos ao sofá. O Pingo, que sempre pede comida, olhava, incrédulo. Demorou para que se aconchegasse. Mas se aconchegou. Deitou entre mim e o Matheus e sossegou. Até que a pipoca acabou e resolvemos estourar mais... Um dia ele entende o funcionamento da coisa, quem sabe!

sábado, 25 de junho de 2011

Weddings

O ano está na metade e já fui a quatro casamentos. Nunca fui em tantos em tão pouco tempo. A sensação que tenho é de que estou ficando velha demais para isso. Minhas amigas começando suas vidas com seus maridos e eu sequer tenho um namorado. Não que esteja procurando um, não é isso. E também é bem verdade que volta e meia me sinto muito sozinha. Só que tenho medo de ser sozinha para sempre, mesmo sendo o que eu quero, por hora.



A questão é que, mesmo que eu goste - e muito - das amigas que casaram até então, nesta semana se casou a primeira das minhas amigas de muito tempo, mesmo. Sabe aquela história de casamento da melhor amiga? Então, mais ou menos isso. Não sou mais criança e não tenho mais esse negócio de melhor amiga. Tenho grandes amigas, e, claro, sempre há aquelas com maior afinidade. Maior companheirismo. Maior amor, por que não?


A Jackie sempre foi caso de amor. Nós nos amamos, por menor que seja o contato que tenhamos. Ela sempre esperou muito de mim e eu dela, e mantivemos a nossa amizade, mesmo com toda a distância, por esforço mútuo. Mais meu, às vezes, mais dela, outras vezes. A questão é que não importa o tempo que se passe, o reencontro é sempre uma delícia. Assim como com a Bruna, outra amiga que estava no casamento.


Sempre soube que a Jackie ia ser a melhor. Qualquer que fosse a área que escolhesse. Porque ela quer ser a melhor, ela se dedica para isso. Sempre se dedicou. Hoje é jornalista, uma das mais bem colocadas com a minha idade. Vive bem, ganha bem. Pode não ser a melhor, ainda, mas porque o tempo de carreira ainda não é suficiente para isso. Ela chega longe. Onde quer. Sabendo, sempre, o caminho.


E talvez por esse jeito determinado e independente da Jackie, jamais imaginei que se casaria. Tão cedo, ainda por cima. A Jackie sempre foi razão. A emoção ela guardava, encapsulava, estocava. Ela amou muito, várias vezes. Sempre com os dois pés bem colados ao chão. Diferente de mim, que a primeira coisa que faço é me jogar. Pulo com tudo, com as pernas pro ar num romance novo. A Jackie sempre soube onde queria chegar, e precisava dominar muito bem o caminho.


Anteontem, quando a vi entrando, linda, para ser a primeira do nosso grupo a casar, chorei. Muito. Queria abraçar, apertar, desejar tudo de bom. Sempre. Porque a Jackie merece. Porque a amo, e quero que ela sempre saiba disso. Porque estou muito feliz com a sua felicidade. Especialmente porque ela estava linda, num momento lindo. E a gente chora quando as coisas são bonitas.



"Nós choramos quando alguma coisa é triste. E às vezes também derramamos alguma lágrima quando alguma coisa é muito bela. Quando algo é engraçado ou feio, nós rimos. Talvez algo muito bonito também nos deixe tristes porque sabemos que não vai durar para sempre. E rimos do que é feio porque compreendemos que é só uma brincadeira." (Através do Espelho - Jostein Gaarder)


Eu chorei, e sempre choro em casamentos, porque aquele momento é único. É perfeito. É lindo. Ver o noivo quando a noiva está entrando. Ver os sorrisos nos olhos na hora do sim. Ver o trunfo do ‘pode beijar a noiva’. Casamento são lindos, sim. O da minha melhor amiga, então, foi emocionante. Que seja eterno. E dure para sempre.


(Jackie, sê feliz, amiga. Sempre. Amo demais você.)

terça-feira, 21 de junho de 2011

Embriaguez

O pouco vinho necessário para soltar meu riso evidencia, também, o rubor da minha face. Entre os passos que vem e vão, mal consigo ver as cores. Tento fingir que estou bem, mesmo que, na verdade, tudo se embaralhe. Preciso realçar os 29 que não tenho. Então rio, rio muito. As gargalhadas ocultam o meu estado etílico. Ajudam-me a ter coragem de fitar, mesmo que eu quisesse fugir.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Meu (nosso) bebê


Depois de tanto tempo, ele enfim toma forma. E nós, mães corujas, ficamos babando... =)
Quer mais? Então entraí!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Descontente

Será que eu vou sempre, para o resto da minha vida, aceitar - e querer - gente que não se dá, não se doa? Será que vou amar tanto e querer tão pouco? Será que vou aceitar tanta gente pela metade, tantas palavras bonitas e vazias?
Eu queria mais. Não quero ouvir que me ama. Não quero que tenham que me dizer para que eu saiba. Eu quero sentir, mergulhar. Quero não ter dúvidas, não precisar perguntar. Eu quero mais, sempre mais...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Falsidade ideológica

Chego à esteira onde a bagagem deve ser retirada e aguardo. Pego a minha mala, a esteira continua a rodar. Um por um, meus companheiros de voo pegam seus pertences e se vão. E eu, ali, parada. Além da mala, aguardava um atabaque. Não, não era meu. Era uma encomenda. Que tinha sumido. A esteira continuava a rodar, mas nada mais estava nela. Ninguém mais ao meu lado.
- E agora, o que eu faço - pensei.
Olho para os lados. À minha direita se aproxima um atendente da empresa aérea.
- Falta alguma coisa, moça?
- Falta. Meu atabaque.
- Atabaque? - me pergunta, com uma expressão que não consegui definir se era susto ou dúvida.
- É, uma espécie de tambor...
- Eu sei o que é um atabaque! Mas você trouxe um?
- Trouxe.
- Tudo bem, vou verificar o que aconteceu. Você pode sentar ali e aguardar que logo a chamo.
Sentei. E esperei. E esperei. E esperei. Já estava bem cansada de esperar quando aquele som de alerta característico de aeroportos, para que as pessoas prestem atenção na mensagem, toca.
- Senhora Paula Fernandes, por favor dirija-se ao balcão de atendimento da empresa tal.
Levantei, peguei a mala e fui. Quando já estava perto o suficiente do balcão para ouvir o que os atendentes conversavam, avistei o rapaz que havia me atendido anteriormente.
- Viu, não é ela. Olha ali - disse ele.
- Onde? - perguntaram outras três atendentes que o acompanhavam.
- Ali, vindo em nossa direção - e apontava para mim.
- Onde? - procurando além de mim, como se eu não estivesse ali.
- Ali - e caminhou até mim, com o atabaque nas mãos - viram só, eu disse que não era ela.
- Aaaaaaaaaaaaaah... - exclararam, em uníssono de decepção, enquanto guardavam algo que pareciam bloquinhos de papel e canetas.
- Moça, tá aqui seu atabaque. Elas acharam que você era a cantora, sabe? Me dá um autógrafo? - e riu.
Ri também, de entender o porquê de tanta decepção. Imagine, uma Paula Fernandes que perde um atabaque... Vai que decidiu mudar o estilo?!