terça-feira, 29 de junho de 2010

Última romântica

- Paula, vamos fazer alguma coisa mais tarde? Preciso te mostrar uma coisa...
- Vamos sim. O que é?
- Ah, não vou dizer. Quero que você veja.
- Não acredito! Você vai me deixar até a noite esperando? Morrendo de curiosidade?
- ...
- Ah, por favor, me fala! O que é? Me diz!
- Tá. É prata e meio redondinho...
- Ana! Você tá namorando?!
- (Risos) Não, sua romântica. Eu sou mais materialista. Comprei meu carro.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

À paraguaia

Espaço: Ciudad del Este
Tempo: Poucas semanas atrás. Ou pode ser quente, também, muito quente
Ato único

Andavam pelas ruas da cidade com o olhar atento, encantado, mas ao mesmo tempo cansado e acostumado com aquele lixo de sempre. Com aquele calor que gruda, com as pessoas empurrando, oferecendo meias, massageador, aparelhinho de choque e camisinha musical. Ainda assim, encantadas com o que mais lhes parecia uma 'MAIAMI' (made in China, beibe!).
E alguém, então, aborda uma das moças:
- Quer meia, moza, meia?!...
- Não, obrigada.
- E um namorado?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Instinto... animal?!

- Paula, isso que você usa não é creme, né? É o que?
- Body splash de baunilha.
- Caaaaaaaara, isso é muito bom! Dá vontade de comer!

O.o

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Já não cabe mais em mim


Tem vezes que vem uma saudade lancinante, seu Ney, e eu nem sei explicar de onde. Claro, ela está comigo o tempo todo, mas às vezes é como se rasgasse o meu coração. Como se não coubesse no espaço em que eu tento escondê-la diariamente e explodisse. E aí eu só enxergo o senhor, só ouço sua voz. E minha garganta soluça, por não saber onde te chamar.
Queria poder te ver, te abraçar. Te dizer, vozinho, que a falta que o senhor faz é maior e muito mais dolorida do que eu jamais imaginara. Queria que o senhor soubesse que é muito difícil, pra mim, ver a vó Inha sem o senhor do lado. Que a gana de abraçá-la é para que, talvez, o senhor sinta-se abraçado aí em cima, também.
Queria, vô Ney, que o senhor entendesse que minhas broncas eram minha tentativa vã de tê-lo para sempre comigo. Que hoje eu sei que não devia ter brigado tanto, ter implicado tanto, já que o fim era iminente. É que antes eu não via o fim, vô. Eu não queria o fim. Mas isso me ensinou, também, a ser mais paciente. A aceitar que algumas pessoas já não mudam mais. São assim e assim vão ser, para sempre. E, se as amo, preciso respeitar isso. Essa foi uma das últimas lições que o senhor me deixou, seu Ney. E eu preciso te agradecer por isso, vozinho. Não só por isso, mas também por isso. Então, muito obrigada. Quem sabe não nos vemos num sonho, num dia desses? Torço muito por isso, vô.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sorte. E felicidade. Porque você merece.

Nesse final de semana uma grande amiga se formou. Uma amiga que amo muito e que, imagino, não saiba disso. Por escolhas que fiz no passado. Por ter sido parcial, não a seu favor. Enfim. Minha amiga, minha grande amiga, que alegra a todos sempre por onde passa, merece receber meus parabéns. E espero que um dia saiba o quanto sua amizade constante, no dia a dia, me faz falta.
Parabéns, minha querida. Tudo de bom, sempre, na sua vida!



Essa música lembra muito dela. Uma pessoa única, um coração incrível.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Soneto de uma vontade

Queria sentir o seu beijo
Saber o gosto que tem
Ver se é como desejo
Se me fará ir além

Como vou me sentir
Quando o momento chegar
Será que vai sorrir
E meus medos acalmar?

Os olhos, fechados
A mente caminha
Vai ao encontro seu

Com os corpos selados
Sua boca na minha
Agradeço o destino meu

terça-feira, 15 de junho de 2010

Reencontro

- Quantos anos a gente tinha quando se conheceu?
- Eu tinha 18, se não me engano, e você tinha 20.
- Hum... e com quantos anos você está, agora?
- 22.
- Nossa! Eu continuo mais velha?!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Os sons do silêncio

- Eu nem acredito que você me achou!
É, tampouco eu acredito. Passados três anos e você ali, como outrora.
O sorriso é o mesmo, mas você mudou tanto. Mais homem, menos criança. Mesmo assim, mais doce, mais carinhoso, mais atencioso. Lembra-se, diferente de mim, de mínimos detalhes. De coisas escondidas em um tempo que não volta.
Suas mãos ainda sabem como me alcançar e sua boca, como encontrar a minha. Seu abraço me deixa protegida e nele descanso, repouso. Até o infeliz momento em que você precisa ir. E me deixar sentindo o seu cheiro, que, para eu não lhe esquecer, ficou em seu lugar.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

O sorriso de Maristela



Entramos no galpão onde o artesanato era vendido e logo a vi, à espreita. Cada passo nosso era vigiado pelos olhos atentos e, quando se percebia avistada, o pelo sorriso encabulado e a tentativa de esconder-se atrás da janela. Sorrateira, me dirigi em sua direção. O que me esperava do outro lado me encantou. "Qual o seu nome", perguntei, me preparando para indagar o que significava o verbete Ava-guarani. "Maristela."
Maristela, apenas Maristela. Talvez por estar na tribo, por conversar com uma indiazinha, me surpreendi porque seu nome era tão latino quanto o meu. Estrela do Mar, a pequena Maristela na aldeia que a cercava.
Agora, olhando melhor, não entendo meu espanto. Não apenas Maristela, mas toda a tribo perdia o jeito indígena. Ao invés de pinturas, penas e cocar, Maristela usava um conjunto de saia e blusinha azuis. Nos pés, que em outros tempos estariam descalços, um chinelo de dedo. Azul, também. O cabelo, parcialmente preso por uma presilha amarela. E uma tatuagem de chiclete em sua testa a deixavam tão longe de ser índia quanto qualquer um dos meus primos de sua idade.
Maristela não era a única, ali, que parecia fora do seu lugar. Nenhum índio da aldeia parecia como os que povoam nossa imaginação. O espanto se tornou ainda maior quando duas mulheres que acompanham a tribo nos contaram que tiveram que ensiná-los a fazer o artesanato que era da sua própria cultura. Foram reeducados culturalmente.
Tudo para manter vivo nosso imaginário. Parafraseando um amigo, por que não manter intacta a cultura deles nos livros? Assim como a dos gregos, dos maias ou outros povos? Por que não deixar que, como nós, evoluam? Melhor, por que fingir que ainda são os mesmos índios, donos primeiros das terras brasileiras? Por que querer acreditar que o meio, o tempo, o convívio conosco ou a sua própria curiosidade não os tornaram diferentes?
Estudar a língua? Sim, mas registrá-la, para que não morra. Assim como seus costumes, sua vida, o que ainda é possível preservar. E deixá-los seguir em frente. Como qualquer outro povo.
E pensar que, mesmo fora de contexto, mesmo não condizendo com o que imaginava, mesmo que não responda às minhas, às suas ou a outras expectativas, o sorriso de Maristela cativava a quem olhasse. E, como um objeto a ser imortalizado, ficou registrado pelas lentes e pela memória de quem estava ali, naquele dia.

sábado, 5 de junho de 2010

O fim - real - de uma fase

Depois de anos, o reencontro. Virtual, mas haviam se conhecido assim.
O amigo, outrora colorido, estava mais uma vez presente na sua vida - virtual. Combinam de encontrarem-se assim que possível, já que moram em cidades distantes. Ele, pensando em, talvez, lembrar dos velhos tempos, esquece-se da inocência de crianças. Sem pudores, mesmo porque o mundo virtual lhe permite intimidades que jamais a boa educação do 'pessoalmente' deixaria passar, pergunta:
- Preciso saber de uma coisa. Sexo?
- Feminino, nunca percebeu?