quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Óbvio, não?!

Ela entra na sala enquanto leio o e-mail que diz que meu avô está na UTI. Percebe que estou com os olhos cheios d'água. Assutada, pergunta:
- O que foi, Paula?
- Meu avô 'tá na UTI.
- Mas... qual?
- O que está vivo, né!

Obs. Ela garantiu, depois, que tinha entendido minha avó... vai saber! rsrs

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Mestre de obras

Andando para o trabalho na companhia de uma amiga. De repente ela diz:
- Vamos atravessar a rua? Tem uma construção aqui, vai ficar difícil de passar.
- Mas do outro lado também tem, olha!
- Verdade. Então vamos ficar do lado de cá mesmo que os pedreiros são bem mais bonitos!!!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Seria bom...

Uma tarde de sol no lago seria bom.
Um xote bem acompanhado seria bom.
Uma viagem em boa companhia seria bom.
Um final de semana bem aproveitado seria bom.
Uma volta por aí, de mãos dadas, seria bom.
Um brinde seria bom.
Uma noite a sós seria bom.
Um carinho ao acordar seria bom.
Seria bom ter você perto de mim.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

(Sub)traída

Prezava pela sinceridade. Doesse a quem fosse. Até a si própria. Não negava os seus erros nem os jogava nas costas de terceiros. E vivia assim, assumindo as suas e, por vezes, as culpas alheias. Não tinha medo do medo e aproveitava cada respiro. Cada raio de luz, cada cheiro no ar. Ainda assim, por mais que quisesse, não conseguia evitar os sentimentos alheios. Talvez aceitasse situações desde que não precisasse conviver com a dor que causara. Talvez pensasse demais no que faria os outros sentirem antes de cada passo, cada olhar, cada intenção. Talvez, por isso, fosse subtraído, a cada dia, um pouco do brilho do seu olhar.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Autogozação

A menos de um mês de completar 75 anos, meu avô paterno tem uma queda. Caiu exatamente na quina de uma lata de tinta e precisou levar quatro pontos na testa. Bem humorado como sempre, não perdeu a oportunidade:
- Acertei a quina mas faturei só 4 pontos.
Sarrista, sim. Mesmo com a cabeça 'rachada'.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Seu João Maia


Poucas pessoas tiveram a oportunidade, como eu, de conhecer todos os seus avós e praticamente todos os bisavós. Só não conheci a mãe da minha avó paterna, que faleceu quando minha avó ainda tinha três anos. Mas, apesar de conhecê-los, não convivi muito com eles. Minha família é muito espalhada, a do meu pai praticamente inteira no Rio Grande do Sul, e a da minha mãe em Goiás. Por isso mesmo, não posso dizer que preferi um a outro, é impossível. Sempre foi bom visitar a todos e ouvir suas histórias. Mas existem aqueles que se tornam ícones. Seu João Maia é um deles.
Tem a mesma feição desde que me lembro dele, há mais de 20 anos. Marcou, sempre, para mim, o tom bravo, mas divertido. Sabe aquele senhorzinho que fica na varanda contando causos da roça para as crianças? Pois é, seu João Maia era assim. Lembro dele contando de como enfrentou, sozinho, à noite, com uma tocha, uma onça que o perseguiu pela roça. Ou do espírito que montou no cavalo em que ele trotava quando passou pelo cemitério. Sempre achei fascinantes suas histórias. Sua coragem. Sua destreza.
"Meu pai é uma rocha". Sempre ouvi a vó Inha dizer isso, desde pequena. E mantive isso pra mim. Seu João Maia fez história. Ele era uma rocha. Venceu um câncer depois dos 80, metia medo em qualquer um aos 90 e queria tudo ao seu gosto. Sem contrariedades. Mas o tempo, ah, o tempo, esse é cruel. Fez com que a rocha do seu João Maia fosse ficando menos rígida. Que as chuvas fossem acabando, pouco a pouco, com a fortaleza. E hoje, depois de tanto desgaste, a rocha quebrou. Seu João Maia foi descansar, ao lado dos seus. Ao lado dos nossos. Construindo nosso lar eterno, cuidando para que nossa vida pós-morte seja melhor. Assim acredito. Assim espero.
Mas ninguém há de negar. Seu João Maia era, sim, uma rocha. Esperou ser tataravô para que partisse. Quando muitos não conseguem, sequer, ver os filhos crescerem. Tenho para mim que ele não queria mais viver nesta terra depois que a vó Maria, a última bisavó viva, se foi, há cerca de dois meses. Eles já não eram um casal há tempos, não os conheci juntos. Mas, quando ela se foi, ele lamentou-se: "ela sempre foi a mais linda de todas". Sim, era uma rocha. Mas com o coração de uma rosa. Uma rosa que completaria 95 anos no próximo dia 28. Uma rosa que marcou seu nome na história. Que virou lenda. Que, quiçá, vai virar poesia.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Primeiro beijo

Sempre guardo na memória o primeiro beijo. Não só daquele de quanto eu tinha 15 anos, ao lado do computador, mas todo primeiro beijo. Beijo é que nem quebra-cabeça: você precisa por a peça certa no lugar certo. E o primeiro beijo tem que ter encaixe. É ele que vai te dizer para seguir em frente ou parar por ali mesmo. Eu queria uma vida de primeiros beijos. O triste é que, quando o encaixe acontece, o momento deveria ficar ali, para sempre. Sem fim.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010