sexta-feira, 11 de março de 2011

Onipresente

Queria estar em todos os lugares, em todos os tempos. Queria os amigos e os amigos dos amigos. Queria o mundo e não se importava em pedi-lo, ao invés de ir atrás. Tinha o dom da inteligência e nunca precisou de esforço. Ria das limitações dos outros e não percebia que também as tinha.
Todos os dias, antes de sair, vestia sua melhor máscara. Tinha uma para cada ocasião, uma para cada sorriso novo. Amava com facilidade imensa e de maneira tão expôntanea que sempre parecia verdade. Tinha o dom da inteligência e nunca precisou de esforço. Lutava contra o preconceito dos outros que via em si próprio, mas fingia não existir.
Em casa escolhia a máscara viril, sóbria, que mantinha o respeito dos entes queridos. Mal chegava ao portão e já a escondia. Gostava mais da intelectual, porém menos séria. E da colorida, quando resolvia que era hora de festa. Subestimava aos outros frequentemente, porque conhecia as próprias incapacidades. Tinha o dom da inteligência e nunca precisou de esforço. E, sem esforço, conseguia o que queria. Porque aqueles de quem ria, lutava e subestimavam lhe tinham estima e ajudavam sempre que podiam. Como estava sempre em todos os lugares, em todos os tempos, convencia a alguns. Depois a outros. É, tinha o dom da inteligência e nunca precisou de esforço.

3 comentários:

  1. Todo mundo tem um dom, cada um o usa da maneira que melhor convem. Máscaras às vezes são necessárias. Contudo, tirá-las é fundamental no dia a dia.

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  2. Inteligência é um dom, será? Eu me pergunto bastante isso. Acho que esperteza é que é. Hehe

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  3. Filha, gostei do texto. Muito mesmo. Me fez pensar...
    =D

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