domingo, 20 de setembro de 2009

Sobre solidão coletiva e solidão, mesmo

Domingo à tarde me obrigo a ir ao trabalho adiantar serviço, para o domingo não passar tão à toa quanto o sábado e a sexta à noite. E, nisso, me pego pensando no quanto, mesmo com amigas muito especiais aqui, estou sozinha.
E no quanto ficar sozinha não me preocupava, da primeira vez que fui morar sozinha em minha vida. Eu tinha 18 anos e aquela solidão toda tinha um gosto gostoso de liberdade. Mesmo que a liberdade não fosse financeira - ali a gente não tinha muito bem essa noção do quanto liberdade está, sim, ligada ao poder fazer o que você quer com o seu próprio dinheiro, conquistado por você mesmo.
Era o começo de uma nova fase, quiçá uma nova vida. Ali, naquele ambiente universitário, solidão era uma coisa tão comum que todo mundo se unia pra ficar sozinho juntinhos. Lá, não existia sexta à noite quieta, sábado, nem que chuvoso, solitário, e domingos trabalhando - porque a solidão de todos, ali, fazia com que nos juntássemos todos os dias, nem que fosse pra assistir TV, comer miojo e jogar truco (ou tranca, ou imagem e ação, ou sueca, ou qualquer coisa...). Era uma solidão coletiva, gostosa, companheira. Era uma solidão - por que não?! - feliz.
Agora, da segunda vez que vivo só, essa solidão não é assim. Tenho, sim, amigas, e boas amigas aqui. Mas, quando se é 'gente grande', cada um tem sua vida, seus problemas, suas coisas para cuidar. E eu não posso exigir delas que venham acompanhar minha solidão - seria egoísmo demais de minha parte. Sei que, vendo assim, essa liberdade de agora é muito menos gostosa que a de outrora, mesmo que maquiada. E muito mais vazia. Só que a gente cresce e isso faz parte da vida. E é assim mesmo. Um dia a menina vira mulher, e ela tem que aprender a lidar com isso. E pronto.

2 comentários:

  1. Li e fiquei olhando a tela pensando no que comentar. E se valia a pena comentar soh pra comentar, pra voce saber que li, afinal. E este processo durou muitos minutos - muitos mesmo. Passou tanta coisa na minha cabeça, vontade de falar tanta coisa pra voce, filhota, mas... achei que nao ia adiantar nada. Eh triste quando o bebe da gente começa a sentir coisas que a gente nao sabe explicar, espantar, consolar. Mais triste a constataçao de que ele nao eh mais, definitivamente, o "seu" bebe - porque senao, nao sentiria essa solidao que voce falou aih, do jeito que voce ta sentindo. Queria poder evitar isso pra voce, mas... faz parte da vida e de crescer. Talvez possa acalentar um pouquinho a certeza do meu amor?

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  2. que bonitinho, minha maninha tá crescendo! hehe
    tá, antes que você possa fazer qualquer comentário disso (que eu sei que você já tem uns três prontinhos na cabeça), deixa eu dizer que eu sei - mais ou menos - como é sentir solidão... e é foda. não há mais o que falar, a não ser que é foda. e que eu te amo, e é em vocês que eu me agarro quando me bate essa dor.
    :/

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