sábado, 25 de junho de 2011

Weddings

O ano está na metade e já fui a quatro casamentos. Nunca fui em tantos em tão pouco tempo. A sensação que tenho é de que estou ficando velha demais para isso. Minhas amigas começando suas vidas com seus maridos e eu sequer tenho um namorado. Não que esteja procurando um, não é isso. E também é bem verdade que volta e meia me sinto muito sozinha. Só que tenho medo de ser sozinha para sempre, mesmo sendo o que eu quero, por hora.



A questão é que, mesmo que eu goste - e muito - das amigas que casaram até então, nesta semana se casou a primeira das minhas amigas de muito tempo, mesmo. Sabe aquela história de casamento da melhor amiga? Então, mais ou menos isso. Não sou mais criança e não tenho mais esse negócio de melhor amiga. Tenho grandes amigas, e, claro, sempre há aquelas com maior afinidade. Maior companheirismo. Maior amor, por que não?


A Jackie sempre foi caso de amor. Nós nos amamos, por menor que seja o contato que tenhamos. Ela sempre esperou muito de mim e eu dela, e mantivemos a nossa amizade, mesmo com toda a distância, por esforço mútuo. Mais meu, às vezes, mais dela, outras vezes. A questão é que não importa o tempo que se passe, o reencontro é sempre uma delícia. Assim como com a Bruna, outra amiga que estava no casamento.


Sempre soube que a Jackie ia ser a melhor. Qualquer que fosse a área que escolhesse. Porque ela quer ser a melhor, ela se dedica para isso. Sempre se dedicou. Hoje é jornalista, uma das mais bem colocadas com a minha idade. Vive bem, ganha bem. Pode não ser a melhor, ainda, mas porque o tempo de carreira ainda não é suficiente para isso. Ela chega longe. Onde quer. Sabendo, sempre, o caminho.


E talvez por esse jeito determinado e independente da Jackie, jamais imaginei que se casaria. Tão cedo, ainda por cima. A Jackie sempre foi razão. A emoção ela guardava, encapsulava, estocava. Ela amou muito, várias vezes. Sempre com os dois pés bem colados ao chão. Diferente de mim, que a primeira coisa que faço é me jogar. Pulo com tudo, com as pernas pro ar num romance novo. A Jackie sempre soube onde queria chegar, e precisava dominar muito bem o caminho.


Anteontem, quando a vi entrando, linda, para ser a primeira do nosso grupo a casar, chorei. Muito. Queria abraçar, apertar, desejar tudo de bom. Sempre. Porque a Jackie merece. Porque a amo, e quero que ela sempre saiba disso. Porque estou muito feliz com a sua felicidade. Especialmente porque ela estava linda, num momento lindo. E a gente chora quando as coisas são bonitas.



"Nós choramos quando alguma coisa é triste. E às vezes também derramamos alguma lágrima quando alguma coisa é muito bela. Quando algo é engraçado ou feio, nós rimos. Talvez algo muito bonito também nos deixe tristes porque sabemos que não vai durar para sempre. E rimos do que é feio porque compreendemos que é só uma brincadeira." (Através do Espelho - Jostein Gaarder)


Eu chorei, e sempre choro em casamentos, porque aquele momento é único. É perfeito. É lindo. Ver o noivo quando a noiva está entrando. Ver os sorrisos nos olhos na hora do sim. Ver o trunfo do ‘pode beijar a noiva’. Casamento são lindos, sim. O da minha melhor amiga, então, foi emocionante. Que seja eterno. E dure para sempre.


(Jackie, sê feliz, amiga. Sempre. Amo demais você.)

5 comentários:

  1. Paulinha, eu não casei na igreja, apenas no cartório. Portanto, não posso dizer que vi minhas amigas casarem-se e eu não. Porém, não tive a sempre-tão-desejada entrada triunfal na igreja, o vestido branco, as damas de honra, a festa, os presentes e tudo o mais... Só que o papel passado eu tive e o amor, tenho todos os dias, com a graça de Deus. Mas, digamos sei como você se sente ou, dada a sua expressão de pouca urgência, não o que você sente necessariamente, e sim, sei o que é passar por algo parecido. Há duas semanas fiquei uns dias com meus pais e fomos a uma festa, dessas de comunidade. Lá na minha cidade significa isto: todos que se conhecem almoçando juntos no mesmo lugar apertado. Ou seja: todas as minhas amigas, ex-colegas de colégio, conhecidas, todas lá com seus maridos e... com seus filhos. E aí, meu coração doeu. Doeu quando percebi que, da turma da oitava série, da turma do segundo grau, das turma das calouras e das mais calouras ainda, todas são mães. Todas! Todas carregam um filho nos braços ou um filho pela mão ou um filho na barriga. Algumas, não contentes com a graça de ter um, exibem dois, três... Outras, nem desejavam ter uma prole, mas está lá a "escadinha": um atrás do outro. É nesse momento que me percebo tomada de dois sentimentos, dentre tantos, que particularmente me incomodam, me enchem de culpa e muito me envergonham (porém, não consigo evitá-los, como se fosse - e quem sabe seja - involuntário): raiva e inveja. Eu tenho sentido raiva e inveja das outras grávidas e das recém-mamães. Só eu sei o quanto me martirizo e quantas vezes por dia peço a Deus que me perdoe, sinceramente, me perdoe por isso. São muitas delas, todos os dias. Às vezes, são dezenas. É como se me perseguissem, Paula. Eu sei que sempre houve grávidas em todos os lugares mas, de repente, é como se tivessem se multiplicado e estivessem sempre onde estou. "É a lei de Murphi", meu marido diz. Eu digo que é perseguição. Só pode ser. As vendedoras, as mulheres nos caixas de supermercado estão grávidas. As atendentes bancárias estão grávidas. E as que eram grávidas estão com seus bebês no colo. As policiais na rua estão grávidas. A mulher na poltrona ao lado, no ônibus, está grávida. As mulheres nas novelas e nos comerciais de tv e nos seriados enlatados e nos filmes estão grávidas. Até as mulheres que participam de programas de auditório estão grávidas... As amigas das amigas também estão grávidas. Parece que todas as mulheres que conheço já estiveram ou estão grávidas. Menos eu. E não são apenas as mulheres grávidas a se multiplicarem: também os bebês, as crianças pequenas, crianças de todas as idades, em todos os lugares. Absolutamente todos. São crianças dizendo, gritando "mãe, mamãe, manhê" por todos os lados. Lindos bebês de bochechas rosadas, aconchegados nos braços de suas felizes e orgulhosas mães, que transbordam contentamento em seus gestos. Enquanto fico remoendo a sensação nada nobre de inveja. E assim eu sigo; diferentemente de você, que demonstra e tem sentimentos tão nobres, eu me penitencio enquanto mastigo e regurgito o sentimento de falta, de vazio, de incompletude, de desgraça e má sorte. Eu fico muito feliz com minhas amigas mães e grávidas, tendo a alegria de ser abençoadas com o "curso natural da vida". Mas, de forma alguma consigo esquecer de todas que batalhamos e sofremos tanto para conseguir algo que deveria acontecer naturalmente e, no entanto, parece não poder e não querer acontecer de jeito algum. E ficamos todas a admirar os barrigões e os filhos das outras, inevitavelmente nos perguntando e questionando a todo o Universo: "Por que não eu?"

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  2. Paulinha, li o seu texto com lágrimas nos olhos.
    Sem pieguice, ou corujice.
    Foi lindo o que você disse, como você disse.
    É muito bom perceber que, apesar da vida cigana que te impus, você criou raízes - ainda que nômades (?).
    E tudo tem seu tempo, sempre.

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  3. ai.
    Não é o Pinguim. É a mãe.
    Ops!

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  4. Eu quero casar. Acho que já disse iss né?
    rsrs
    E eu acho o máximo ver nossas amigas casando. De fato é um momento muito lindo, porque conhecemos as histórias.
    Eu não choro que nem vc, mas me sensibilizo bastante.

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