terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

In memoriam

- Filha, você está sozinha?
Disse minha mãe, ao telefone, às seis da manhã. Respondo meio irritada com o horário, esperando vir a bronca.
- Não, mãe.
- Que bom. Porque ele vai poder te dar forças.
- ...
- Filha, o vovô foi embora hoje, às três da manhã...

Já fazem três anos. Exatos três anos hoje. E recordar desse diálogo sempre me tortura. Eu sinto a mesma dor que senti naquele dia. Mas parece que já me acostumei com ela. Já consigo falar sem embargar a voz. Já consigo pensar com uma saudade mais gostosa que dolorida. Já consigo ouvir falarem sobre sem chorar. Sabe, seu Ney, entendi que o tempo cicatriza as feridas, mas não apaga as marcas. Mesmo assim, gosto da que ficou. De poder lembrar do senhor com um sorriso no canto da boca. De lembrar até das nossas brigas e ver que sim, cada segundo valeu à pena. Das coisas que aprendi, que o senhor me mostrou. Você sempre foi tão atencioso, vozinho. Espero que esteja bem, onde estiver. E que eu tenha lhe libertado, porque juro que tenho tentado. Muito. Amo você, seu Ney.

3 comentários:

  1. Quando eu leio sobre isso, sempre lembro do Drummond: A ausência é um estar em mim.

    Beijo, Paulinha

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  2. Você é muito boa com datas. Admiro isso. Não lembro do dia em que minha vó, a mãe do meu pai, morreu (nem de aniversário de namoros ou datas de aniversário de alguns amigos sei que foi marcante, dolorido. E por vezes ainda me pego pensando nela, no que passamos juntas, e isso tem mais de 10 anos. É assim flor, eles sempre deixam saudade, mas com o tempo a gente aprende a lidar com essa saudade. Lindo.

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  3. Também sinto saudades dos meus avós.Eles deveriam viver pra sempre pertinho da gente né?
    só ficam as lembranças...

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