terça-feira, 7 de setembro de 2010

Lucky

Gostava era da plateia. Dos flashes, do glamour. Gostava de sentir-se o centro das atenções porque, quando fechava a porta do quarto sabia: estava sozinha. E estava porque escolheu. Porque assim quis. Porque preferia mergulhar numa realidade colorida que encarar a vida, nua e crua. Preferia acreditar nos contos de fada que narrava que olhar para o lado e ver que havia dor. E que causava dor. Porque lhe doía tudo isso.
Assim, com um copo de vodka na mão, fingia embriaguez. E o show começava. Mesmo que todos já soubessem o fim e ouvissem, a longa distância, os soluços vindos do seu quarto. Ou melhor, quase todos. Aqueles que precisavam ouvir os soluços também preferiam imaginar que eles não existissem. E ficavam calmos quando ela ligava o rádio e ouvia a sua música preferida. Aquela que definia a sua vida.

2 comentários:

  1. E por vezes não queremos nos enfrentar. Com um copo de bebida, tudo fica mais fácil, até mesmo simular, mentir para si mesmo e para os demais, com um gole de cerveja ou de destilado, as coisas mudam. Mudam por um segundo, não como deveriam mudar. A mudança deve ser para sempre, ou ao menos, tentar ser.

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  2. O mundo aí e nós fechados em nós mesmos.

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